Moscas varejeiras podem ser úteis na deteção de armas químicas e poluentes
As moscas-varejeiras (Dermatobia hominis) são muitas vezes um inseto que queremos manter ao longe. No entanto, as suas funções podem vir a ser bastante úteis para a sobrevivência humana, especialmente numa situação de guerra, revela um novo estudo, publicado revista científica Environmental Science and Technology. A investigação da Escola de Ciências da Universidade do Indiana (IUPUI), nos Estados Unidos, sugere que a mosca varejeira pode detetar a presença de armas químicas e poluentes.
A equipa recorreu a um simulador de arma química, semelhante ao utilizado em guerras químicas reais, mas não nociva para os seres humanos. “Usamos um espectrómetro para determinar quais os produtos químicos que estavam nas entranhas das varejeiras. Fomos capazes de detetar os simuladores de agentes de guerra química, e também algumas das coisas nos quais os agentes químicos se decompõem quando estão no ambiente. Se uma mosca encontrar uma fonte de água, com um agente químico hidrolisado na água, encontraríamos isso na mosca.”, explica o autor Nick Manicke.
Embora os agentes de guerra química não persistam muito tempo no ambiente, os autores descobriram que eles ficam preservados tempo suficiente nas entranhas da mosca para serem detetados em análise. Foi possível verificar os agentes até 14 dias após a exposição inicial, o que confirma que esta pode ser uma alternativa mais segura para a recolha de amostras, sem ser necessário arriscar vidas humanas. Pode ainda ser uma hipótese para identificar pesticidas presentes no ambiente.
“Se uma área é muito perigosa, muito remota ou é de acesso restrito – ou se alguém apenas quiser recolher amostras secretamente – basta colocar algum isco e as moscas virão até ao isco”, afirma o autor.