Seca: Associação alerta que Trás-os-Montes precisa de investir mais na gestão da água



O presidente da Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros revelou hoje estar expectante quanto à gestão da água no futuro e alertou que Trás-os-Montes precisa de mais investimento para reter este recurso.

Manuel Cardoso falou à agência Lusa a propósito das reuniões regionais do grupo de trabalho ‘Água que Une’, criado pelo Governo em julho para elaborar uma nova estratégia nacional para a gestão da água.

“Estamos para ver o que nos vai ser apresentado no dia 31 [de outubro] aqui para a nossa região. Vamos ter a reunião em Vila Real. É com alguma expectativa que iremos perceber como é que, no terreno, se irá aplicar essa ideia, que é excelente, dado que faz todo o sentido que o assunto água seja trabalhado em rede”, disse Manuel Cardoso, acrescentando que não vê sentido em que o recurso seja gerido por unidades individuais.

Apesar de ver com bons olhos a gestão em rede dos recursos hídricos do país, o dirigente da associação responsável pelo aproveitamento hidroagrícola da Albufeira do Azibo, no distrito de Bragança, alertou para a necessidade de mais investimento na região.

“Os agricultores em Trás-os-Montes precisam de muitos investimentos em água. A região precisa de poder reter e armazenar muitíssimo mais água do que o que acontece. Precisa de poder partilhar a água que existe nas barragens hidroelétricas também, que possa servir para utilização na agricultura”, afirmou Manuel Cardoso, que revelou que já foram feitas várias reuniões com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o ministério da tutela e entidades competentes do setor para discutir o futuro do regadio na região.

O presidente da organização transmontana disse ainda não considerar que os empreendimentos existentes estejam subaproveitados.

“Em parte, isso foi verdade. O Estado teve a sua quota-parte de responsabilidade nisso. Deveria ter dirigido mais investimento para estimular a agricultura de regadio nessas zonas”, disse Manuel Cardoso, que garantiu que, hoje em dia, esta premissa já não aparece “tão evidente”.

“Há muita iniciativa privada. No Azibo, por exemplo, este ano regámos mais área utilizando menos água. Significa que há uma maior eficiência”, partilhou Manuel Cardoso.

A campanha de rega fechou na sexta-feira. Dados ainda provisórios apontam que os regentes da associação gastaram menos um milhão de metros cúbicos de água em relação ao ano passado.

A Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros tem atualmente cerca de 1.200 beneficiários, sendo que são “menos de 200” os que fazem um uso mais intensivo e mais moderno do recurso, segundo Manuel Cardoso, sendo que a esmagadora maioria se dedica à agricultura de subsistência.





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