Seguradoras brasileiras discutem com congéneres europeias apólices de catástrofes partilhadas



O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) do Brasil diz que quer fazer avançar os seguros de catástrofes naturais partilhados entre países, uma solução para diminuir riscos que já está a discutir com congéneres europeias, incluindo a portuguesa.

“Catástrofes [naturais] talvez seja o tema onde há mais espaço para a cooperação global”, afirmou Dyogo Oliveira em entrevista à Lusa, à margem da XI edição do Fórum Jurídico de Lisboa, que decorreu durante três dias da semana passada na capital portuguesa.

A natureza das catástrofes inerentes às mudanças climáticas tem-se modificado e “têm-se tornado mais frequentes e mais severas”.

Por isso, “a maneira adequada de se tratar isso é diversificando globalmente os riscos atrelados às catástrofes”, concluiu.

A título de exemplo deu como exemplo do que tem acontecido com o seguro rural no Brasil, que tem obrigado as seguradoras a desembolsar indemnizações cada vez maiores: “Nós temos um seguro que cobre ainda pouco, em torno de 10% da área plantada, mas cobre a perda de safra devida a eventos climáticos. E esses eventos têm-se tornado cada vez mais frequentes no Brasil e também em outras partes do mundo”.

Assim, as seguradoras e resseguradoras “tiveram perdas muito severas nos últimos dois anos”, frisou o antigo ministro do Planeamento, Desenvolvimento e Gestão, do Governo de Michel Temer.

Para Dyogo Oliveira as indemnizações crescentes que as seguradoras estão sujeitas a pagar têm “uma correlação entre eventos ao longo do planeta”.

“Então, do ponto de vista de diversificação de risco é muito inteligente combinar o risco de diferentes países dentro da mesma carteira”, afirmou, propondo uma “cooperação entre os países”.

A maneira de fazer isso, explicou, é de uma “forma multilateral, envolvendo várias empresas e países de modo que compõe uma cesta de risco que reduz a probabilidade de ocorrência conjunta em simultâneo”.

“O conjunto dessa carteira tem uma probabilidade de risco menor do que um país isolado” e as empresas conseguem “compensar as perdas e o mercado com as receitas em outros mercados” o que torna “o sistema mais estável”, especificou.

Foi essa proposta de cooperação global Diogo levou-a à congénere da CNSeg em Londres e trouxe-a também para a Associação Portuguesa de Seguros (APS).

“Nós estamos fomentando e provocando esse debate” da solução global, afirmou.

E o assunto será um dos temas principais da XXXVIII Conferência da Federação Inter-Americana de Seguros, a realizar em setembro.

“Como lidar com a mudança climática e como a indústria de seguros vai absorver e lidar com esses riscos, são questões que vão estar em cima da mesa do encontro.

Segundo aquele responsável, o que a confederação está a fazer é a fomentar “um debate profundo, técnico entre as empresas que participam do mercado de seguros” para que se consiga formular “um sistema de tratar essas catástrofes e atender à população”.

Mas como as discussões são “ainda muito preliminares”, Dyogo Oliveira acha que ainda não é tempo de envolver os governos de modo multilateral.

“Obviamente que a nossa contraparte aqui [a APS] deve fazer isso”, porque a CNseg no Brasil também “tem tido debates importantes com o Governo a esse respeito, em particular sobre o seguro rural que é muito relevante “, concluiu, acrescentando que o executivo do seu país está também a discutir “um seguro de catástrofe, (…) para atender casos de inundação de desabamentos de terras”.





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