Sessão sobre prospeção de lítio quer esclarecer e ouvir população em Trancoso



Esclarecer os habitantes e “ouvir a sua opinião” é o objetivo de uma sessão, no domingo, sobre a prospeção de lítio e de outros minerais no Vale do Massueime, organizadas pela Junta de Freguesia da Cogula, no concelho de Trancoso.

O evento decorre na sede daquela Junta do concelho de Trancoso e vai contar com a participação de especialistas, técnicos e ativistas para debater os projetos de pesquisa e exploração mineira admissivelmente a concessionar pelo Estado nas áreas dos municípios de Trancoso, Pinhel, Mêda e Almeida, no distrito da Guarda.

Segundo a organização, o encontro destina-se a “democratizar a informação relativa a estes projetos e promover a participação ativa da população na reflexão conjunta sobre um tópico fulcral para o futuro da região”.

“Queremos mostrar desde o início que não estamos muito a favor, vale mais começar já a intervir do que depois, quando a empresa estiver no terreno”, justifica a presidente da Junta de Freguesia, Patrícia Furtado.

Na localidade existe, desde 2021, o Movimento Contra a Mineração no Massueime, criado com as primeiras notícias sobre o interesse do Estado em concessionar a prospeção de lítio naquela zona.

Segundo a autarca, “com o que aconteceu na zona do Barroso, as mudanças políticas, os avanços e recuos nestes projetos, queremos que esta zona não seja esquecida e pretendemos divulgar outra vez a nossa oposição às minas”.

Patrícia Furtado acrescenta que há residentes, sobretudo idosos, “que desconhecem ou não percebem o que está em causa por que se recordam que, antigamente, havia umas minas nos Cótimos, aqui ao lado, mas eram de outros minérios e subterrâneas”.

“Estas do lítio são a céu aberto, como as pedreiras. Portanto, além do impacto visual, há perigos de contaminação da água, das terras, do ar, tudo vai sofrer problemas”, receia.

Além disso, “a Cogula é uma terra de muita produção de azeite, temos dois lagares, o que pode ser afetado pela exploração mineira e, se calhar, as pessoas podem não ter essa noção”, realça a presidente da Junta.

A autarca admite que na localidade também há pessoas a favor das minas porque vão criar emprego, o que é valorizado numa zona do distrito da Guarda onde faltam empresas.

“A dúvida é se vale a pena ter trabalho – onde há falta dele e há cada vez mais pessoas a emigrar – e viver numa zona prejudicada em termos ambientais e de saúde, se calhar não compensa”, considera.

Por tudo isso, a presidente da Junta de Freguesia da Cogula quer partilhar com a população a posição de especialistas e ativistas e também ouvir a opinião dos fregueses, “que também é válida”, reconhece.

Dizendo desconhecer como estão atualmente os processos de exploração mineira na região, Patrícia Furtado refere apenas que sabe, “por interpostas pessoas, que houve empresas que andaram a fazer sondagens nesta zona, o Vale do Massueime, que pertence a Pinhel, mas mesmo no limite com a nossa freguesia e Cótimos”.

Coorganizado pelos coletivos Movimento Contra Mineração no Massueime e A Geradora, o evento vai contar com a participação de Diogo Sobral, Elisabete Pires e Francisco Venes (Unidos em defesa de Covas do Barroso); Sandra Manuela Pacheco (engenheira do Ambiente); Patrícia Furtado (presidente de Junta); Laetitia Luzi (Hortus Vitae).

A moderação será de Helena Antunes (A Geradora). O debate tem início pelas 15:00 de domingo e será seguido de um lanche convívio e de uma performance musical, que os promotores pretendem que seja “um momento de reflexão conjunta sobre o futuro da região, bem como sobre as continuidades e ruturas com o passado que o poderiam constituir”.





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