Sismo no México: por que caíram muitos prédios em determinadas zonas da capital?



O sismo de magnitude 7.1 desta terça-feira não se sentiu da mesma forma em todos os bairros da Cidade do México. Há áreas onde o número de estragos é muito maior e nem sempre se deve à qualidade das construções. Porquê? Uma das razões apontadas é a geografia da própria cidade, construída sobre velhos lagos, e por isso em solo menos firme, o que a torna particularmente susceptível.

A BBC lembra numa reportagem publicada ontem o mapa das zonas sísmicas, do Instituto de Geofísica da Universidade Nacional Autónoma do México (Unam), revelando que na capital do país existem três tipos de solo que reagem de maneira distinta diante dos tremores. O mais firme se encontra em regiões montanhosas, ao redor da cidade, onde os tremores são praticamente imperceptíveis. Um outro é o chamado de “transição”, onde o impacto dos abalos sísmicos é um pouco maior. Por fim, há o terceiro tipo, chamado de “solo brando”, onde as ondas são sentidas com mais força e por mais tempo.

Os bairros de Roma e Condesa, os mais afectados pelo terramoto, estão construído precisamente sobre este último tipo de solo. Ou seja, quando há sismos, essas áreas são mais vulneráveis a sacudir como se fosse gelatina e a sofrer tremores por mais tempo. Como consequência, os prédios também têm tendência para abanar mais.

Outro factor apontado é o estado de manutenção e a qualidade de construção dos edifícios. Após o forte terremoto de 1985 (que atingiu magnitude de 8.2 na escala de Richter, provocando 10 mil mortes e arrasando 30 mil edifícios), entrou em vigor uma nova lei que exige mais regras, mais supervisão e mais inspecção em toda a área da construção civil.

Ainda assim, o engenheiro Christian Malaga-Chuquitaype, do Imperial College London, no Reino Unido, disse à BBC que a população do México, como em grande parte da América Latina, tende a construir suas próprias casas ou a realizar obras estruturais sem respeitar o regulamento. A este problema, acresce o facto de muitas construções serem anteriores a 1985 e de as autoridades locais já terem admitido falhas na inspecção de muitos dos novos edifícios da cidade.

Em 2015, durante um evento que recordava o grande terremoto, Roberto Meli, engenheiro e investigador da UNAM, advertiu que o regulamento estava a ser ignorado com excessiva frequência e pediu normas mais rígidas. E a coincidência trágica, é que o sismo desta terça-feira aconteceu precisamente no mesmo dia (19 de Setembro) em que era lembrado o 32º aniversário do desastre de 1985 e apenas algumas horas depois de muitos edifícios terem realizado exercícios de preparação para o risco sísmico.

Foto: Creative Commons





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