Start-up oferece soluções ecológicas para a extração de materiais valiosos



Um método simples e económico desenvolvido por cientistas da Universidade Nacional Australiana (ANU) poderá tornar o processo de extração de recursos valiosos de depósitos de salmoura mais amigo do ambiente.

A extração de salmoura é importante para a extração de lítio – um componente crítico para o fabrico de baterias – com uma parte significativa da produção global de lítio proveniente de depósitos continentais de salmoura.

Em 2024, os investigadores da ANU desenvolveram o primeiro método de dessalinização térmica do mundo, em que a água permanece na fase líquida durante todo o processo. Aplicaram agora com êxito este método à concentração de salmoura.

O método de poupança de energia é acionado não pela eletricidade, mas pelo calor moderado gerado diretamente pela luz solar ou pelo calor residual de máquinas como os aparelhos de ar condicionado ou os processos industriais.

O investigador principal, o Professor Associado Juan Felipe Torres, um engenheiro mecânico e ambiental de renome mundial que foi o primeiro a propor o conceito de dessalinização por termodifusão, afirmou que a nova investigação mostra o potencial da termodifusão para a concentração de salmoura com maior salinidade.

“As tecnologias existentes para dessalinização e concentração de salmoura estão bem estabelecidas, mas a nossa tecnologia de termodifusão oferece uma alternativa promissora”, afirma.

“As atuais tecnologias de dessalinização – em que o sal é filtrado através de uma membrana – requerem grandes quantidades de energia elétrica e materiais dispendiosos que necessitam de manutenção e assistência”, acrescenta.

“O nosso método termodifusivo tem sido utilizado com êxito na dessalinização da água, reduzindo simultaneamente os custos energéticos e os problemas de corrosão”, explica ainda.

De acordo com os investigadores da ANU, a concentração de salmoura termodifusiva totalmente líquida oferece novas soluções para a extração de materiais em várias indústrias, incluindo a extração de salmoura.

“Mais recentemente, conseguimos aplicar o mesmo método para manipular a salinidade da solução de concentração de salmoura sem a evaporar, o que também significa que a preciosa água não é desperdiçada no processo”, diz o Professor Associado Torres.

“O nosso objetivo é substituir as tradicionais lagoas de evaporação, uma tecnologia com milhares de anos, e, em vez de utilizar grandes quantidades de terra e recursos hídricos, podemos fazer o trabalho com uma pegada ambiental muito reduzida”, aponta.

“Assim, por exemplo, o lítio é utilizado em baterias e a extração de lítio pode ocorrer a partir de salmoura, e o nosso método poderá ser utilizado no futuro para melhorar este processo”, adianta.

A investigadora da ANU e coautora do estudo, Shuqi Xu, afirmou que as vantagens da tecnologia incluem a separação eficiente e sem materiais da água e dos iões.

“A nossa investigação mostra como o nosso método é capaz de manipular a concentração de salmoura para a produção de sal sem evaporação”, diz, explicando que “melhorias futuras poderão aumentar o caudal e a eficiência energética em pelo menos 40 vezes”.

Os investigadores da ANU estabeleceram uma parceria com a empresa norte-americana Wacomet Water Co para comercializar esta tecnologia na Austrália e no estrangeiro.

O Professor Associado Torres e os seus colegas co-fundaram a Soret Technologies, uma empresa derivada da ANU.

“A nossa visão com a Soret Technologies é revolucionar a concentração de salmoura e os processos de dessalinização, tornando-os mais económicos através de uma tecnologia inovadora de termodifusão”, conclui o Professor Associado Torres.

A investigação foi publicada na revista Nature Water.






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