Tecnologia de ADN transportado pelo ar permite a monitorização de animais selvagens em vias de extinção



Os investigadores da Universidade de Queensland criaram novas ferramentas que poderão mudar a forma como os especialistas em conservação monitorizam e protegem algumas das espécies mais ameaçadas da Austrália.

A Professora Associada Celine Frere, da Escola do Ambiente da UQ, liderou uma equipa que conseguiu capturar ADN ambiental transportado pelo ar (eDNA) – ADN libertado pelos organismos no ambiente – para detetar a presença de espécies selvagens, incluindo coalas, nos seus habitats naturais.

“Os métodos atuais de rastreio de populações de animais selvagens, como drones térmicos, cães detetores e armadilhas fotográficas, são fundamentais para a conservação, mas são frequentemente dispendiosos e trabalhosos”, afirma Frere.

“ As nossas ferramentas de recolha de eDNA aerotransportado, fáceis de implementar, podem detetar a presença de várias espécies de animais selvagens, especificamente coalas, gambás, raposas, cães domésticos e coelhos, a uma fração do custo”, acrescenta.

A investigação foi efetuada em quatro locais da área governamental local de Redlands devido à presença conhecida de coalas na região.

“Concebemos sistemas de recolha de amostras de filtragem de ar equipados com gaze esterilizada e colocámo-los em vários locais da região”, afirma Frere.

“O pano de queijo permite que o ar passe com pouca força e pode recolher e reter partículas facilmente”, acrescenta.

“As amostras de ar foram recolhidas e analisadas utilizando técnicas genéticas avançadas para identificar as espécies presentes na área”, revela ainda.

Frere explica que se trata de um método não invasivo e escalável para recolher dados essenciais sobre a presença da vida selvagem e a biodiversidade.

“Esta tecnologia pode melhorar significativamente a deteção e o rastreio de espécies ameaçadas de extinção, ajudando nos esforços de conservação e no desenvolvimento de estratégias de gestão eficazes”, assegura.

“Embora o eDNA tenha sido utilizado com sucesso em ambientes aquáticos durante décadas, a sua aplicação em terra ainda está a emergir”, adianta.

Os investigadores continuam a desenvolver formas de melhorar a relação custo-eficácia da amostragem do ar.

“Comparando o nosso estudo com os métodos convencionais de observação, podemos compreender quais são os compromissos para conceber a solução mais poderosa, eficiente e económica possível”, diz Frere.

“Estamos agora a trabalhar no sentido de desenvolver conjuntos de ferramentas para outras espécies australianas ameaçadas, como os planadores”, conclui.

A investigação foi publicada no The Journal of Applied Ecology.





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