Temperaturas extremas afetam o voo das abelhas e a polinização
Um novo estudo do Imperial College London indica que os eventos climáticos extremos, como ondas de calor e de frio, podem pôr em risco a polinização das abelhas. Com as temperaturas do ar a aquecer ou a esfriar demasiado, a temperatura do seu corpo é afetado, o que por sua vez dificulta o voo.
“Ondas de frio e as ondas de calor sem precedentes experimentadas nos últimos anos, podem empurrar de forma consistente as temperaturas além da faixa de voo confortável para certas espécies de abelhas”, explica o autor Daniel Kenna. É exemplo disso os zangões; “Estes riscos são particularmente pertinentes para polinizadores de ‘colónia fixa’ como os zangões, que não podem mudar de posição dentro de uma estação se as condições se tornarem desfavoráveis”.
Embora as abelhas que habitam em lugares a latitude norte possam beneficiar com o aquecimento das temperaturas, as que habitam a sul, onde as temperaturas superam facilmente os 27ºC, são notoriamente afetadas.
Ao analisar esta influência em abelhas da espécie Bombus terrestris, a equipa concluiu que com uma temperatura ideal estas conseguiam voar uma distância média de 3 quilómetros, mas que com uma subida de temperatura para os 35ºC, esta distância reduzia para 1 quilómetro. Similarmente, com temperaturas frias de 10ºC as abelhas conseguiam voar apenas uma centena de metros. Neste último caso, as abelhas maiores destacaram-se das mais pequenas, o que sugere que as últimas têm maior dificuldade em se adaptar ao clima frio.
“Embora ainda precisemos de entender como estas descobertas se traduzem em fatores como o retorno de forrageamento às colónias e a polinização, bem como a aplicabilidade a outras espécies de abelhas, os resultados podem ajudar-nos a entender como os insetos voadores menores versus maiores responderão às mudanças climáticas futuras”, afirma Richard Gill, autor correspondente do estudo. Por outro lado, sublinha ainda que este problema não abrange apenas a polinização; “a maneira como os diferentes insetos voadores respondem ao aquecimento das temperaturas também pode afetar a propagação de doenças transmitidas por insetos e surtos de pragas agrícolas que ameaçam os sistemas alimentares. Aplicar a nossa configuração experimental e descobertas a outras espécies pode ajudar-nos a entender as tendências futuras dos insetos, importantes para a gestão de prestação de serviços ou de métodos de controlo de pragas”, conclui.