Temporada de incêndios aumentou 14 dias por ano a nível global



O risco de incêndios florestais está a aumentar a nível global, em consequência das alterações climáticas, provocadas pela atividade humana. É o que indica um recente estudo intencional, que avaliou 500 artigos de investigação e recolheu e analisou dados de observações e de satélite.

No período de 1979 a 2019, a temporada de incêndios aumentou 14 dias e a frequência de dias com perigo extremo de incêndio aumentou 10 dias, por ano, em todo o mundo. Desde a década de 1980, o clima de incêndio aumentou significativamente na maioria das regiões – com destaque para a zona oeste da América do Norte, da Amazónia e do Mediterrâneo. Caso se observe um aumento da temperatura média global em 2ºC, as florestas boreais da Sibéria, do Canadá e do Alasca, serão também áreas em alto risco. Se a temperatura aumentar 3ºC, este risco extende-se ao mundo inteiro.

Relativamente à área queimada, esta teve grandes aumentos nas florestas temperadas e boreais. Os dados mostram que a área queimada aumentou 93% nas florestas do leste da Sibéria e 54% nas florestas a oeste da América do Norte.

As condições climatéricas de seca e as temperaturas quentes tornam as paisagens mais suscetíveis a incêndios, com maior frequência e gravidade. As práticas humanas estão a degradar o solo e a alterar o seu da terra, alterando também a produtividade da vegetação e a resiliência natural de alguns ecossistemas, o que contribui igualmente para este fenómeno.

Contudo, entre 2001 e 2019, a área queimada por incêndios diminuiu cerca de um quarto – ou 1,1 milhão de km2. A maior redução – de precisamente 590.000 km2 – ocorreu nas savanas africanas, onde 60-70% da área queimada pelo fogo ocorre anualmente. Isto resultou de alterações nas paisagens, como a utilização da terra para agricultura e a fragmentação da vegetação.

Como esclarece Matthew Jones, principal autor do estudo, “Os incêndios florestais podem ter enormes impactos prejudiciais na sociedade, na economia, na saúde humana e nos meios de subsistência, na biodiversidade e no armazenamento de carbono. Esses impactos geralmente são ampliados no caso de incêndios florestais. Esclarecer a ligação entre as tendências dos incêndios florestais e as alterações climáticas é fundamental para entender as ameaças de incêndios florestais em climas futuros. As sociedades podem pressionar ou lutar contra os riscos crescentes de incêndio sob as alterações climáticas, e as ações e políticas regionais certamente podem ser importantes para prevenir incêndios florestais ou reduzir sua gravidade”, sugere.

O artigo, publicado na revista Reviews of Geophysics, foi desenvolvido por cientistas da Universidade de East Anglia, da Universidade de Swansea, da Universidade de Exeter, do Met Office e do Centro de Ciência Climática CSIRO.





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