Tráfico global de tigres agrava apesar de décadas de combate



Entre janeiro de 2020 e junho de 2025 foram apreendidos 573 tigres em todo o mundo, numa média de cerca de nove grandes felídeos por mês, revela novo relatório.

De acordo com dados compilados pela organização não-governamental Traffic, que atua no combate ao tráfico de espécies selvagens, o comércio ilegal de tigres, seja de animais vivos, mortos ou de partes dos seus corpos, está em crescendo, apesar de a espécie estar protegida há 50 anos pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES).

A análise avança que nos últimos 25 anos foram confiscados 3.808 tigres, sendo que a maioria das apreensões aconteceu em países que têm dentro das suas fronteiras populações selvagens desse felídeo. Os anos de 2019 e de 2023 foram aqueles em que se registaram os maiores números de apreensões de tigres traficados.

Dizem os especialistas que o aumento do tráfico global de tigres reflete, por um lado, melhorias nos esforços de aplicação da lei, mas, por outro, evidencia “atividade criminosa persistente e, em algumas áreas, em crescendo”, bem como uma procura generalizada por tigres e por partes dos seus corpos, como as peles.

Os dados mostram também que, a nível global, parece estar a haver uma maior procura por animais inteiros, tanto vivos como mortos. No espaço de 25 anos, as apreensões de animais inteiros aumentaram de 10% para mais de 40%. Em sentido inverso, as apreensões de partes de tigres caíram de 90% em 2000 para 60% em 2020.

Nesse mesmo período, os países nos quais foram apreendidos mais tigres foram a Índia, a Indonésia e o Vietname. Na Índia, foram confiscados quase tantos tigres na primeira metade de 2025 (23) como em todo o ano de 2024 (25). Já no Vietname registou-se um aumento de 19% no número de tigres confiscados este ano face a 2020.

Os relatores avisam que a persistência do comércio ilegal, alimentado tanto pela caça furtiva de animais selvagens em alguns dos principais habitats de tigres a nível mundial como pelo tráfico de tigres criados em cativeiro, continua a erodir os esforços globais de recuperação da espécie, classificada como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. E, por isso, a sobrevivência a longo-prazo dos tigres está ameaçada em toda a sua área de distribuição natural.

É urgente “ação imediata e coordenada”, avisam os especialistas, porque, sem ela, os esforços de conservação correm o risco fracassar. Intensificar a fiscalização e a aplicação das leis, colmatar lacunas legais, aumentar a transparência e combater a procura global são indispensáveis para impedir o agravamento do estatuto de conservação dos tigres.

Em setembro passado, um outro relatório, assinado pela WWF em colaboração com a Traffic, alertava para a persistência de “lacunas e inconsistências” nas leis dos países que albergam tigres selvagens que podem comprometer os esforços globais para combater o tráfico desses grandes felídeos.






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