Um dos peixes mais pequenos do mundo produz som semelhante a um tiro



A espécie Danionella cerebrum, da família das carpas, foi descoberta em 2021 em Myanmar, a nadar em riachos que correm nas regiões montanhosas do país asiático.

Além de ser um dos peixes mais pequenos do mundo, medindo entre 11 e 17 milímetros de comprimento, o seu corpo é totalmente translúcido, pelo que os seus órgãos internos são visíveis, incluindo o cérebro, que é considerado o mais pequeno do mundo dos vertebrados.

Agora, este animal peculiar torna-se, se possível, ainda mais intrigante.

Uma investigação, publicada na revista ‘PNAS’, revelou que os machos deste peixe minúsculo são capazes de produzir sons de até 140 decibéis, uma intensidade sonora semelhante à de um tiro, à de um martelo pneumático ou à da descolagem de um avião com motor a jato a cerca de 100 metros de distância. Oiça os sons produzidos pelo D. cerebrum nos vídeos que os investigadores divulgaram no artigo.

Os camarões-pistola, da família Alpheidae, desenvolveram, ao longo da sua história evolutiva, pinças especiais que usam para criar ondas de choque e atordoar ou matar as suas presas. Ao fazê-lo, produzem sons que podem chegar aos 250 decibéis, mais alto do que um tiro.

Por outro lado, os peixes não são geralmente considerados um grupo de animais particularmente audíveis. Mas alguns conseguem quebrar a regra. Aliás, os machos de todas as cinco espécies do género Danionella têm um aparelho com cartilagem e músculo que permite emitir sons, embora o D. cerebrum possa ser o que produz o som mais alto, mas ainda há muito que não se sabe sobre esse grupo de peixes.

O que se sabe é que o D. cerebrum produz um som que, apesar de alto, não viaja mais de 12 milímetros na água. Ainda assim, os cientistas dizem que é um som “invulgarmente alto” para um animal tão pequeno.

Através do estudo da anatomia de espécimes recolhidos, os cientistas concluíram que o som é produzido por um aparelho especial, composto por cartilagem e músculo. Segundo o artigo, costelas especiais, de um lado e do outro do corpo do animal, percutem e comprimem a bexiga-natatória, gerando pulsos sonoros rápidos e altos, que os machos juntam para formar chamamentos.

Os investigadores acreditam que o pequeno peixe se serve dessa ‘arma sónica’ para comunicar nas águas turvas em que vive, especialmente para manter os rivais afastados, ou para atrair fêmeas.

“Pensamos que a competição entre machos neste ambiente visualmente restritivo contribuiu para o desenvolvimento do mecanismo especial para a comunicação acústica”, explica, citado em nota, Ralf Britz, um dos autores do artigo.





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