Um terço da alimentação das raposas urbanas provém de comida humana



As raposas (Vulpes vulpes) são mamíferos omnívoros, com dietas flexíveis que lhes permitem adaptar-se com sucesso e prosperar numa diversidade de ambientes. Nas cidades, que vão roubando espaço aos seus habitats naturais, esse canídeo selvagem está a alimentar-se da comida deixada à mão de semear, intencionalmente ou não, pelos humanos.

Um estudo liderado por cientistas da Nottingham Trent University, no Reino Unido, e publicado na revista ‘Ecology and Evolution’, revela que cerca de 35% da dieta das raposas que vivem nas cidades britânicas é composta alimentos de origem humana, como restos de comida, ração de animais para animais de estimação ou sementes deixadas intencionalmente para aves selvagens nos jardins.

A forte presença de comida de origem humana na dieta das raposas urbanas, algo que se conseguiu perceber com análises a amostras de bigodes de 93 animais, contrasta com a dieta das congéneres rurais, que inclui, em média, apenas 6%.

Os autores temem que o aumento do consumo de alimentos processados – ricos em gorduras saturadas e açúcares refinados e pobres em fibras e micronutrientes – possa vir a tornar-se problemático para as raposas das cidades, podendo provocar uma quebra na saúde dos animais e da população urbana da espécie como um todo.

A investigação descobriu também que as raposas fêmeas tendem a consumir mais comida de origem humana do que os machos, algo que os cientistas sugerem estar relacionado com a necessidade de as fêmeas adultas precisarem de mais alimento quando estão a cuidar das suas crias.

Ainda assim, as raposas urbanas têm uma dieta relativamente variada, incluindo aves (22%), frutos (17%), mamíferos (16%) e invertebrados (10%). Por outro lado, as raposas rurais alimentam-se sobretudo de aves (32%), mamíferos (32%), frutos (26%) e invertebrados (4%).

Jonathan Fletcher, primeiro autor do artigo, explica que alimentos de origem humana têm sido associados a impactos negativos na saúde das espécies que os consomem. Em comunicado, diz que, por isso, “é importante que examinemos a extensão desses alimentos na dieta das raposas britânicas”.

Se não conseguirem extrair desses alimentos antropogénicos todos os nutrientes de que precisam, as raposas urbanas podem, avisa Fletcher, tornar-se mais suscetíveis a doenças, pondo em risco as populações da espécie e podendo também ser um problema para outros animais e para os humanos.





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