Um terço da comida produzida no mundo é desperdiçada

Cerca de um terço de toda a comida produzida, todos os anos, globalmente, é perdida ou desperdiçada, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente. “Numa altura em que mil milhões de pessoas passam fome no mundo, é impossível não perguntarmos o que pode ser feito”, explica a organização.

Apesar de existirem, hoje, 50 mil plantas comestíveis, mais de quatro mil milhões de pessoas dependem de três culturas – arroz, milho e trigo. As três são responsáveis por dois terços do nosso consumo de energia.

“Com milhões de pessoas a dependerem de poucas culturas, o aumento nos preços da alimentação foi sentido em todo o mundo de 2006 a 2008. E embora os países desenvolvidos tenham, normalmente, sucesso em alimentar as suas populações, há várias partes de África com fome, e não apenas porque o mercado falhou”, explica a AEA.

O desperdício de comida não é apenas uma oportunidade perdida de alimentar toda a população mundial. É um enorme desperdício de terra, água, energia e trabalho. E, claro, está directamente relacionado com as alterações climáticas.

“As alterações climáticas aumentam a pressão sobre a segurança alimentar e algumas regiões sentem já esta pressão, mais que outras. Secas, incêndios ou inundações dificultam a produção [alimentar]”, explica a agência.

A Comissão Europeia calcula que, todos os anos, 90 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados só na União Europeia. Isto significa cerca de 180 quilos de alimentos por pessoa.

Se pensarmos que a cadeia de valor alimentar representa 17% das emissões directas de gases com efeito de estufa e 28% dos recursos, então podemos dizer que “isto anda tudo ligado”.

“Este não é um problema dos países ricos. Os países em desenvolvimento também têm níveis de desperdício alimentar quase tão altos como os dos países ricos, mas por razões diferentes”, explica o autor Tristram Stuart, que aborda regularmente os temas ligados ao desperdício alimentar.

“A falta de infra-estruturas agrícolas, como tecnologia para armazenar as culturas, é a principal culpada. E aí podemos estimar que pelo menos um terço do total de comida produzida no mundo é gasta”, continuou Tristram, que garantiu que existe uma boa notícia nestes números: podemos reduzir o nosso impacto ambiental sem nos sacrificarmos, basta deixarmos de deitar fora comida perfeitamente comestível.

O desperdício alimentar atinge, assim, todas as fases da cadeia de fornecimento: produção, armazenamento e consumo. Por esta razão, vários membros do Parlamento Europeu têm lutado para que 2013 seja o Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar. Seria uma excelente notícia para esta luta.