Um terço das empresas europeias detidas por private equity já implementou estratégias de descarbonização



Mais de um terço (35%) das empresas europeias detidas por fundos de private equity (PE) afirma ter implementado estratégias de descarbonização para o seu negócio, segundo o estudo “Where Are Private Equity Firms on Their Way to Net Zero?”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). Este valor coloca a Europa na liderança global deste parâmetro no setor de PE, em comparação com a Ásia e América do Norte, onde apenas 23% e 10% das organizações geridas por private equity contam com planos de descarbonização, respetivamente.

“A descarbonização deixou de ser apenas uma responsabilidade ambiental para se tornar uma vantagem estratégica essencial para as organizações. Em particular, os fundos de private equity estão a intensificar a pressão sobre as empresas que gerem, promovendo a neutralidade carbónica como uma alavanca estratégica para melhorar os resultados financeiros, reduzindo custos e mitigando riscos”, afirma Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa. “Ao integrarem metas de sustentabilidade nas suas operações, as empresas não só se posicionam melhor para atender às exigências de clientes, reguladores e investidores, como também contribuem para acelerar a transição climática”.

Com um total de 8,7 biliões de dólares em ativos sob gestão, a indústria de private equity influencia os esforços das empresas do seu portefólio para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), nomeadamente no Velho Continente e, simultaneamente, aumentar a criação de valor.

Globalmente, cerca de 1 em cada 5 (22%) empresas detidas por PE tem uma estratégia de descarbonização já implementada (uma proporção inferior aos 29% registados nas empresas públicas), e destas apenas 11% assumiram compromissos de longo prazo para atingir a neutralidade carbónica.  Ainda assim, entre as empresas geridas por PE que implementaram estratégias de descarbonização, 19% revela que irá definir uma estratégia para a neutralidade carbónica nos próximos dois anos, demonstrando a responsabilidade e o compromisso com a descarbonização.

Embora ainda exista um caminho a traçar rumo à neutralidade carbónica na indústria de PE, entre 2022 e 2023 as empresas detidas por private equity com estratégias de descarbonização reduziram as suas emissões de âmbito 1 e 2 em 11%, quase o dobro dos valores registados pelas organizações sem qualquer plano (5% e 6%, respetivamente).

Serviços, transportes e infraestruturas e empresas com receitas superiores a 200 milhões de dólares são os mais comprometidos com a descarbonização

Do ponto de vista setorial, a proporção de empresas geridas por PE com um objetivo de descarbonização a longo prazo e alinhado com as metas de neutralidade carbónica é maior na indústria de serviços (17%), e nos setores dos transportes (14%), infraestruturas (14%) e indústria extrativa e de processamento de minerais (14%). Em oposição, os setores das fontes renováveis e energias alternativas (10%), das tecnologias e comunicações (9%) e da saúde (8%) são os que apresentam menores percentagens de empresas com estratégias de descarbonização implementadas.

No entanto, importa ter em consideração que há diferenças significativas na intensidade média das emissões entre setores e na viabilidade dos planos de descarbonização com base na competitividade dos custos das tecnologias atuais disponíveis em cada indústria.

 

Quanto à dimensão, as organizações de maior dimensão são as que mais progressos estão a fazer em matéria de descarbonização, contando com mais capital disponível para assumir compromissos a longo prazo neste âmbito. Entre as empresas com receitas superiores a 200 milhões de dólares, 15% já definiu um objetivo de descarbonização a longo prazo e alinhado com as metas de neutralidade carbónica, em comparação com 9% e 7% das organizações com receitas entre os 50 milhões de dólares e os 200 milhões de dólares, e com menos de 50 milhões de dólares, respetivamente.

 

Além de benefícios ambientais, a descarbonização está associada a um melhor desempenho financeiro, visto que, na indústria de PE, as empresas com menores níveis de intensidade de emissões de carbono apresentam, em média, um maior crescimento de receitas. Esta correlação reflete o impacto positivo de práticas sustentáveis nos negócios, seja pelo aumento da atratividade para consumidores cada vez mais conscientes, pela redução de custos através de medidas de eficiência energética ou pela mitigação de riscos associados a potenciais impostos sobre carbono e outras regulamentações, o que revela que apostar na descarbonização a longo prazo traz vantagens competitivas neste setor.

 

O relatório, que utiliza métricas desenvolvidas pela BCG em parceria com a ESG Data Convergence Initiative (EDCI) para avaliar o progresso das empresas geridas por private equity em direção à descarbonização, está disponível na íntegra aqui.





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