Uma centena de pessoas tenta evitar “abate na rua mais bem arborizada de Coimbra”



Cerca de uma centena de pessoas, entre as quais militantes do movimento Cidadãos Por Coimbra, Livre, PAN e BE, manifestaram-se esta segunda-feira contra o abate de 11 árvores na rua Lourenço Almeida Azevedo, a “mais bem arborizada” de Coimbra.

“Estamos provavelmente na rua mais bem arborizada de Coimbra e estamos escaldados com o que se passou na Avenida Emídio Navarro, em que toda a população foi completamente surpreendida por um abate brutal de um conjunto de plátanos centenários. Este é um alerta à Infraestrutura de Portugal e à Câmara Municipal, que digam quais são as árvores que estão a pensar abater e que justifiquem porquê”, apontou Gouveia Monteiro, do Cidadãos por Coimbra.

Populares, lojistas e militantes de vários partidos juntaram-se à frente do Campo de Santa Cruz, “para evitar que sejam abatidas 11 árvores, em pleno coração da cidade.

“Para porem um autocarro [metrobus] vão cortar árvores que é o nosso património! Fechei a minha loja, que tem 37 anos, por causa das obras, que me deixaram sem acessos e nem me avisaram”, lamentou Paula Lourenço, proprietária de uma loja de decoração de interiores.

Já o arquiteto e professor da Universidade de Coimbra, Adelino Gonçalves, acusou a Câmara e a Metro Mondego de “falta de vontade de informar previamente as pessoas”.

“Na minha opinião, a prioridade devia ser como introduzimos o sistema de mobilidade e salvamos estas árvores, mesmo se tivermos que mudar o trajeto do autocarro”, acrescentou.

De acordo com o ex-deputado do BE, José Manuel Pureza, é preciso evitar que “Coimbra seja privada de um património natural de valia inestimável”.

“Dirá o presidente da Câmara que estas árvores vão ser substituídas por outras tantas, mas uma árvore com estas idades e capacidade de criar sombra, beleza e um clima agradável, não se substitui de um ano para o outro. Será uma perda irreparável”, sustentou.

João Fontes da Costa, do PAN, condenou o abate de árvore “numa das ruas mais bem arborizadas de Coimbra” e alertou para o facto destes cortes estarem a criar “novas ilhas de calor por causa deste projeto da Metro Mondego”.

O Livre, representado por Bruno Pedrosa, realçou que Câmara e Metro Mondego, devem mostrar provas da necessidade de abate.

Inicialmente, o projeto para o Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) previa o abate de 43 árvores, mas, em março de 2023, uma proposta de reversão de abates foi aprovada por unanimidade, cuja decisão foi inclusivamente saudada e louvada pelo PS e CDU.

A Câmara de Coimbra, liderada pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS-PP/NC/PPM/A/RIR/VP), decidiu manter apenas “o abate por imperativos fitossanitários ou por incompatibilidade com o traçado do ‘metrobus’”, pode ler-se na proposta técnica.

De acordo com documentos consultados pela agência Lusa, das 11 árvores que serão agora abatidas, apenas duas serão eliminadas unicamente por causa projeto do SMM (uma outra, com a correção da curvatura do lancil, poderá ser mantida). Há ainda uma árvore que será abatida por causa por projeto do SMM, mas cujo abate também era proposto por razões fitossanitárias.

As restantes árvores já tinham o seu abate proposto num relatório de 2013 e noutro de 2021, que apontavam para o risco elevado de rutura.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara salientou que o executivo poupou “três quartos das árvores que iam ser abatidas” naquela rua.

José Manuel Silva criticou ainda a manifestação de ontem, referindo que este é um protesto com motivações políticas, por parte de parceiros da coligação liderada pelo PS.

“Não sei como é que a coligação se vai aguentar com manifestações públicas contra aquilo que foi aprovado pelo PS”, disse.

Durante a reunião do executivo desta segunda-feira, a vereadora Ana Bastos disse que as únicas alternativas seriam parar por completo a obra do SMM ou pôr o canal do ‘metrobus’ “no meio da faixa de rodagem”, deixando de haver circulação automóvel naquela rua.

“Não há outra alternativa. Se é isso que querem, digam-no”, afirmou.






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