Uma melhor gestão florestal aumenta a diversidade de escaravelhos nas florestas de abetos por eles afetadas



À medida que as alterações climáticas e as pragas exercem uma pressão crescente sobre as florestas, as práticas corretas de gestão florestal estão a emergir como fundamentais para preservar a biodiversidade. Um novo estudo publicado na revista Forest Ecosystems explora a forma como diferentes estratégias de gestão influenciam a diversidade de escaravelhos em florestas de abetos severamente afetadas por surtos de escaravelhos.

A investigação, realizada na floresta “Montabaurer Höhe”, no oeste da Alemanha, examinou cinco abordagens de gestão florestal, incluindo os povoamentos de madeira morta sem intervenção e o abate de árvores, em áreas afetadas por escaravelhos.

O estudo centrou-se nos escaravelhos que vivem no solo e que voam, que são vitais para os ecossistemas florestais, atuando como decompositores e polinizadores.

Os investigadores da Universidade de Koblenz propuseram-se compreender de que forma estas práticas influenciam as populações de escaravelhos e a biodiversidade em geral.

“O nosso estudo mostra que os povoamentos de madeira morta sem intervenção, onde não foram efetuados mais trabalhos florestais, suportaram as mais diversas comunidades de escaravelhos”, diz Eva Plath, autora principal do estudo. “Esta descoberta sugere que deixar algumas áreas sem intervenção após eventos de perturbação, como surtos de escaravelhos, pode beneficiar significativamente a biodiversidade.”

Ao longo do estudo, os investigadores recolheram mais de 13 000 escaravelhos de 442 espécies. Os resultados mostraram que os povoamentos de madeira morta, deixados intocados após o surto, suportaram a maior diversidade de escaravelhos, incluindo várias espécies raras e ameaçadas de extinção.

Em contraste, as áreas de abate de árvores de salvamento, onde as árvores foram removidas após o surto, apresentaram menor diversidade de escaravelhos. Isto foi particularmente verdadeiro para as espécies que se desenvolvem em habitats abertos e não perturbados, que eram escassas mesmo em áreas limpas.

O estudo realça o papel significativo da gestão florestal na promoção ou impedimento da biodiversidade, especialmente em florestas em recuperação pós-perturbação. Os investigadores descobriram que os escaravelhos activos no solo preferiam áreas com copas densas e poucos cepos de árvores, enquanto os escaravelhos activos no voo preferiam áreas mais abertas com uma rica diversidade de plantas. Isto mostra que a estrutura da floresta após a perturbação – seja através do abate de árvores de salvamento ou da não intervenção – pode moldar dramaticamente a comunidade de escaravelhos.

Para melhorar a conservação da biodiversidade, a equipa recomenda uma abordagem de gestão mista que combine áreas de madeira morta sem intervenção com manchas mais abertas de vegetação diversificada. Esta estratégia poderia aumentar a heterogeneidade e a conetividade da paisagem, beneficiando tanto os ecossistemas florestais como as espécies que deles dependem.





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