UTAD vai monitorizar ecossistemas na área das barragens do Alto Tâmega



A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai monitorizar os impactes ambientais do Sistema Eletrocutor do Tâmega (SET), que inclui duas barragens já em exploração e uma terceira que começa a encher em outubro.

O protocolo que envolve a concessionária do SET, a espanhola Iberdrola, e a UTAD foi assinado hoje, em Vila Real, e visa uma prestação de serviços por parte do Laboratório de Ecologia Fluvial e Terrestre (LEFT) que se prolongará até 2028.

O reitor da academia transmontana, Emídio Gomes, referiu que “este é um dos maiores acordos que a UTAD já celebrou em termos de prestação de serviços especializados” e explicou que o protocolo visa o “acompanhamento dos impactes ambientais da construção das três barragens no Alto Tâmega”.

O LEFT vai ainda acompanhar a implementação das medidas compensatórias na área ambiental.

“O que vai acontecer à truta-de-rio, o que vai acontecer ao mexilhão-de-rio, o que vai acontecer à lontra, à avifauna, esta é uma dimensão. Por outro lado é criar condições, que são as medidas compensatórias, para que todo o ecossistema vegetal e animal daquela zona melhore ao longo dos próximos anos”, apontou.

Por exemplo, o mexilhão-de-rio (‘Margaritífera margaritífera’) é uma espécie ameaçada que foi redescoberta no rio Beça, no concelho de Boticas, e inviabilizou a construção de uma barragem no âmbito do SET, que inicialmente previa quatro empreendimentos.

Trata-se de uma espécie de bivalve não comestível, mas que se encontra protegida por uma diretiva comunitária, e a sua sobrevivência depende não apenas da qualidade das águas mas também da existência de hospedeiros, como a truta-fario, no seu habitat.

A parceria entre a UTAD e o grupo espanhol visa “a sustentabilidade ambiental e a preservação dos recursos naturais, procurando soluções inovadoras para a conservação dos ecossistemas do Tâmega”.

A coordenadora de Ambiente da Iberdrola, Sara Hoya, referiu que o protocolo incide “basicamente em trabalhos de monitorização dos sistemas ecológicos”, que já foram monitorizados antes e durante a construção do SET, um trabalho que tem que continuar durante a fase de exploração das barragens.

Este acompanhamento é obrigatório e decorre da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).

A responsável disse ainda que se prevê que a barragem do Alto Tâmega comece a encher em outubro e que a exploração comercial desta barragem tenha início no verão de 2024.

Em exploração comercial, desde o verão de 2022, estão as outras duas barragens inseridas no SET, Daivões e Gouvães.

A UTAD foi selecionada no âmbito de uma consulta pública lançada pelo grupo Iberdrola.

“É muito importante, é um projeto com uma dimensão muito relevante para a UTAD, é mais um contributo autónomo do orçamento de Estado e a dinâmica da universidade em captar novas fontes de financiamento”, salientou o reitor Emídio Gomes que, sem especificar os valores em causa neste protocolo, apontou que se está a “falar de alguns milhões de euros ao longo dos vários anos”.

Para o responsável, o “grande objetivo é afirmar a universidade como uma entidade fundamental na região”.

O SET é considerado um dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, realizados nos últimos 25 anos, e, segundo foi divulgado pela Iberdrola, representa um investimento total de 1.500 milhões de euros.

Em pleno funcionamento, o complexo contará com uma potência total instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.





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