Valorsul inicia primeiro projeto de captura de carbono em Portugal
A Valorsul, entidade responsável pela gestão de resíduos urbanos na Grande Lisboa e Região Oeste, iniciou em fevereiro um projeto-piloto de captura de CO₂ na Central de Valorização Energética, situada em São João da Talha. O objetivo é testar, em ambiente real, tecnologias de última geração e contribuir desta forma para uma redução significativa da pegada carbónica da empresa, afirma em comunicado.
Segundo a mesma, com recurso a uma tecnologia inovadora, desenvolvida pela empresa Hovyu, especialista de referência em processos e tecnologias de descarbonização de forma segura e económica, a Valorsul está a avaliar o desempenho e a escalabilidade do sistema de captura de CO₂ em condições reais.
Através da tecnologia Hyperion (com TRL 5 – Technology Readiness Level) desenvolveu-se um processo 100% eletrificado que captura CO₂ de gases industriais, utilizando um solvente altamente seletivo, garantindo uma operação segura e eficiente. Desta forma, será possível testar a estabilidade do solvente sob condições reais de operação e otimizar o desempenho de todo o processo na Central de Valorização Energética, prevendo-se uma redução de 20% nos custos de captura de CO₂ de gases industriais.
Para Marta Neves, Presidente da Comissão Executiva da Valorsul, “a captura de carbono nas Centrais de Valorização Energética e na atividade desenvolvida no setor dos resíduos pode ter um papel muito relevante na estratégia nacional rumo à neutralidade carbónica, com impacto relevante na estratégia nacional de proteção do ambiente e de eficiência energética. Este projeto e a aplicação desta tecnologia é um exemplo de inovação e reforça o compromisso da Valorsul em desenvolver as soluções mais sustentáveis, a favor da comunidade e do país”.
Atualmente, o CO₂ capturado pode ser reaproveitado através do armazenamento geológico ou através de processos químicos que permitem a produção de combustíveis sintéticos, plásticos, materiais de construção como betão carbonatado e até na indústria alimentar, por exemplo, na carbonatação de bebidas. Outra aplicação promissora é a conversão do CO₂ em produtos químicos úteis, como metanol ou polímeros, utilizando hidrogénio verde.