Viagens de longa distância perdem espaço na Europa e setor de turismo fica mais limpo para o meio ambiente
Entre 2009 e 2019, as viagens de longa distância tiveram um crescimento em todo o mundo. Alguns países registaram crescimento de quase 40%, como foi o caso da Austrália e da Turquia. Porém, nos últimos dois anos, a Europa viu a crise afetar esse comportamento e o turismo local ganhou mais espaço.
A ideia é que as pessoas evitem os aviões, um dos principais responsáveis pela emissão de gás carbónico no planeta, e comece a conhecer mais os locais próximos onde residem. Uma iniciativa que deixa o setor mais verde e preocupado com o meio ambiente.
Segundo estudo da Comissão Europeia, em 2017, os aviões foram responsáveis por quase 4% das emissões de CO2 em todo o planeta. Se comparado com outros transportes, a aviação fica com a fatia de 13,9% das emissões.
Isso mostra que as viagens de longa distância ficaram mais populares, e consequentemente também mais poluentes. Algo que chamou a atenção dos especialistas, que buscam uma forma de reduzir essas emissões.
Isso acabou por acontecer de maneira natural, após a crise e as restrições que afetaram a Europa e Portugal em 2020. As viagens de longa distância perderam espaço, com queda de quase 50%, e o turismo residencial virou moda no setor.
Esse é um movimento recente onde os turistas rejeitam viagens internacionais, e preferem explorar os pontos turísticos dos bairros mais próximos. É a opção de um morador de Faro ir para as ilhas no Algarve e adiar uma viagem para Londres ou até mesmo para outro continente.
Essa mudança se consolidou nesses últimos três anos, com algumas cidades a registar um turismo local crescente. O Porto, Lisboa e a região do Algarve, por exemplo, foram três regiões em que a presença de turistas portugueses cresceu em 2021.
A ideia de conhecer um pouco mais a história e a cultura do próprio país caiu no gosto das pessoas. Por ser um dos destinos mais procurados por turistas estrangeiros, os residentes em Portugal podem contar com certo privilégio.
Custos para um turista
Além das belezas naturais e atividades disponíveis, outro aspeto importante no turismo residencial é o custo para as pessoas. O blog Betway Insider fez um levantamento comparativo entre três cidades, Rio de Janeiro, Nova York e Tóquio, para explicar isso melhor.
A reportagem mostra os custos para um turista aproveitar alguns pontos importantes, assim como refeições em restaurantes das cidades. Não é nenhuma surpresa que a cidade brasileira surge como a mais acessível.
Enquanto um residente em Nova York gasta mais de US$ 280 para um final de semana turístico, um brasileiro pode aproveitar o Rio de Janeiro com apenas US$ 64. Um valor muito abaixo, se compararmos com o centro urbano dos Estados Unidos.
Essa disparidade acontece pelo alto custo em alimentação na metrópole norte-americana e a disponibilidade de várias atividades gratuitas no destino brasileiro. Isso significa que morar no RJ é uma oportunidade para ser turista por perto.
A outra cidade que entrou no artigo da Betway, site de caça-níqueis, foi Tóquio. Uma surpresa foi o baixo custo em alimentação, cerca de US$ 14 por refeição. Isso deixa a cidade mais acessível que o Rio de Janeiro nesse quesito. Entretanto, em todos os quesitos, a capital nipónica ainda é mais custosa que a brasileira. Um final de semana turístico tem um custo de US$ 122.
Movimento em alta
Esse baixo custo e a preocupação com o meio ambiente fazem com que esse turismo local continue a crescer todos os meses. Em Nova York, por exemplo, a expectativa para 2022 é que mais de 30 milhões de moradores próximos à região façam passeios turísticos. Um número que mostra como a cidade continua a ser uma referência neste quesito, algo que pode ser considerado mais verde.
O Rio de Janeiro também espera um aumento no turismo por conta dos residentes, inclusive calcula-se uma faturação de quase US$ 170 bilhões durante a alta época deste ano. Uma tendência que também acontece em Portugal, que se recuperou de parte do prejuízo causado recentemente com o turismo dos próprios portugueses.
A viagem mais curta é positiva para o meio ambiente, e o importante para o planeta é que essa tendência fique firme nos próximos anos. Os fins das restrições podem desafiar isso, mas a preocupação com a crise climática precisa ser maior. Por isso, a ideia é que a Europa continua a trocar o avião por uma caminhada.