Cientistas apontam “Areia-mineral” como uma alternativa à areia natural
Com o aumento da urbanização e da população global, a procura do areia triplicou nos últimos 20 anos. A extração de areia, que é atualmente o segundo recurso mais explorado do mundo, tornou-se um grande problema ambiental e social. As pedreiras destroem grandes zonas naturais, e a areia retirada do mar e dos rios afeta os ecossistemas locais. Além disso, esta atividade acaba também por prejudicar as comunidades locais, devido a inundações ou deslizamentos de terra, por exemplo.
Uma investigação da Universidade de Genebra (UNIGE), na Suiça, e do Instituto de Minerais Sustentáveis da Universidade de Queensland (SMI), na Austrália, decidiu resolver dois problemas de uma vez: reduzir o maior fluxo de resíduos do mundo – os resíduos mineiros – e reduzir a extração de areia do meio natural. Os investigadores chegaram assim a uma alternativa sustentável à areia natural, a “areia-mineral”.
Com base no conceito de economia circular, a areia-mineral é produzida através dos resíduos que sobram do processo de mineração, e pode ser utilizada para substituir a areia convencional em fins construtivos e industriais.
Além de ser uma solução que reduz o volume de resíduos, também reduz as emissões de carbono resultantes da produção, e beneficia as próprias empresas. “Considerar a co-produção de areia-mineral é uma vantagem significativa para as empresas mineiras: reduz as grandes sobras que dificultam as atividades operacionais da mineração, ao mesmo tempo que gera receitas adicionais”, diz Pascal Peduzzi, professor adjunto na UNIGE.
“Ao mapear os locais de mineração de todo o mundo e mapear o consumo global de areia, descobrimos que em quase um terço dos locais as minas podem encontrar pelo menos alguma procura por areia mineral num alcance de 50 km. Isto poderia contribuir para uma redução de pelo menos 10% do volume de sobras em cada local. Em simultâneo, quase metade do mercado global de areia poderia encontrar uma fonte local de areia mineral.”, sugere o autor Daniel Franks, do SMI.