‘Workshop’ aproveita cana como recurso natural para construir túnel em Alcoutim



A construção de um túnel aproveitando um recurso endógeno do Baixo Guadiana como a cana é um projeto a desenvolver num ‘workshop’ promovido por uma cooperativa do interior algarvio a partir de sábado, em Alcoutim, disse um dos promotores.

A iniciativa prolonga-se até dia ao próximo dia 13 e é promovida pela Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade (QRER), em colaboração com uma congénere catalã, a cooperativa Voltes, que tem experiência “em construção e arquitetura sustentável e especialmente em trabalho com cana”, disse à Lusa João Ministro, da organização.

“No Algarve, a cooperativa QRER, que é a promotora do ‘workshop’ e da qual faço parte, tem várias iniciativas em curso e este projeto tem a ver com o estímulo às indústrias culturais e criativas nos vários territórios. E no caso do projeto da cooperativa QRER, tem muito a ver com a questão do desenvolvimento destas atividades no interior” do Algarve, afirmou João Ministro.

A mesma fonte explicou que a QRER “trabalha nos concelhos e Loulé e Alcoutim” com “o objetivo” de “atrair empreendedores e projetos criativos inovadores para estes territórios” do interior e que permitam “fixar atividade económica nos mesmos”, em torno de áreas como o artesanato, a arquitetura ou o design.

Nesta lógica, nasceu a ideia “de tentar fazer algo à volta da cana”, explicou João Ministro, lembrando que se trata de um recurso natural invasor das ribeiras, “muito tradicional do Baixo Guadiana – sobretudo na área da cestaria, mas também na construção -, onde as casas antigas tinham canas no teto, que ainda hoje se veem”.

A QRER começou então à procura de “interessados” que quisessem “trabalhar esta matéria prima na lógica de desenvolver projetos” deste tipo e encontrou um parceiro espanhol especializado em construção sustentável e que “faz muitos projetos de arquitetura e urbanismo utilizando a cana”.

“Convidámo-los para virem cá fazer o curso, que nasce desta ideia de estimular iniciativas e projetos naquele território à volta do aproveitamento da cana, na ideia de que mais tarde possamos encontrar pessoas que queiram continuar a trabalhar em cana e ficar-se naquele território”, justificou.

João Ministro frisou que o objetivo final é sempre “gerar economia local, emprego”, estando prevista, durante o ‘workshop’, a construção de um túnel,” que pode depois ser visitado”.

Aquele responsável lembrou que a cana é uma “planta invasora, exótica, cuja origem está relacionada com os Descobrimentos e provém da Ásia”.

Além de fornecer um material natural sustentável para a construção, este trabalho permite também “fazer a gestão das ribeiras, retirando canas das margens que podem influenciar fluxos de água nas ribeiras e provocar inundações”.

O ‘workshop’ está inserido no projeto Cooperação Transfronteiriça Magallanes-ICC, que envolve as regiões do Algarve, Andaluzia e Alentejo.

Questionado sobre a realização do ‘workshop’ em cana num período em que as restrições devido à pandemia de covid-19 aumentam, João Ministro respondeu que vão participar no projeto “10 pessoas, divididos em grupos de cinco”.

O trabalho “vai ser realizado muito no exterior”, com uma semana de “trabalho de campo” que “respeitará todos os cuidados relativos à covid-19” e não haverá visitantes exteriores.





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