ZERO alerta que 84% das empresas não estão empenhadas em reduzir emissões das suas viagens



O setor da aviação é responsável por 2% das emissões de carbono globais, das quais 15 a 20% correspondem às viagens em trabalho. De acordo com o ranking “Viajar Responsavelmente” da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), divulgado pela ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, 84% das empresas não mostram estar empenhadas na redução das emissões das suas viagens.

A análise avaliou 230 empresas americanas e europeias com base em nove indicadores que integram relatórios anuais e de ESG, planos de redução de emissões, e outros compromissos e metas definidos pelas mesmas. Cada uma das empresas recebeu uma classificação de A a D, correspondendo a primeira a uma pontuação de 9,5 pontos ou mais, e a última de uma pontuação inferior a 2,5 pontos. Esta pontuação transmite o seu compromisso de redução das emissões das viagens aéreas, pelo que, quantos mais pontos, mais positiva é a sua ação para a concretização deste objetivo.

Do total, apenas 8 empresas se destacaram pela positiva, obtendo a letra A – a Novo Nordisk, Fidelity International, Swiss Re, Legal & General Group, Zurich Insurance Group, Lloyds Banking Group, Ernst & Young e a Crédit Agricole.

A letra B foi atribuída a 30 empresas, entre as quais estão a Deloitte, Bayer e a McKinsey & Co.. Até 2030, têm como objetivo reduzir entre 12 e 55% das emissões, e têm relatado as suas viagens de negócios e as respetivas emissões há pelo menos 2 anos.

Na categoria C encontra-se a maior parte das empresas analisadas, 142 mais precisamente, entre as quais estão gigantes como a Walmart, a Siemens e a Amazon. Como explicam no estudo, a maioria que integra esta lista não têm metas precisas para reduzir as emissões das suas viagens.

Na categoria mais negativa, a D, são destacadas 50 empresas, cuja maior parte não divulgam as suas emissões, nem têm compromissos específicos para reduzir as emissões das viagens de negócios. Fazem parte desta lista empresas com a Microsoft, a Johnson & Johnson, a Volkswagen e a Google.

Este relatório inclui 9 empresas portuguesas, que se posicionam na maioria na classificação C, entre os 2,5 e os 4 pontos, tendo ainda uma delas a classificação D. São elas a Jerónimo Martins – a melhor classificada, com 4 pontos – a Redes Energéticas Nacionais, a Galp Energia, a EDP – Energias de Portugal, a Caixa Geral de Depósitos (todas com 3 pontos), a Sonae, a NOS, o Banco Comercial Português (todas com 2,5 pontos) e a The Navigator Company (com 0,5 pontos).

Como refere a ZERO, “Note-se que há dois fatores importantes a contribuir para este panorama: a posição periférica de Portugal na Europa, que torna difícil em muitas viagens para a Europa a substituição do avião pelo comboio (que tem larga vantagem ambiental, dadas as emissões em ferrovia serem muito inferiores às aéreas); e a falta de ligações ferroviárias satisfatórias que poderiam ser usadas para substituir uma parte importante do tráfego aéreo empresarial, nomeadamente o doméstico continental (principalmente a ponte aérea Lisboa-Porto) e as ligações aéreas com Espanha (principalmente Madrid) – todo este tráfego aéreo poderia e deveria ser substituído pelo comboio. Por isso, é importante que o Governo dê às empresas condições para efectuarem esta mudança, investindo em ligações de comboio eficazes.”

No entanto, a associação sublinha que “isto não desculpa inteiramente as empresas portuguesas, pois a classificação é obtida com base em vários parâmetros para os quais a existência de alternativa ferroviária não tem influência – por exemplo, parâmetros relacionados com a simples existência de objectivos de redução de emissões e a respectiva data, ou o reporte de emissões das viagens aérea”.

No âmbito desta iniciativa da T&E, a ZERO sugere que as empresas “se comprometam publicamente com um objectivo absoluto de redução de pelo menos 50% nos voos empresariais até 2025 (em relação a 2019)”, “tomem acções imediatas no sentido de reduzir as suas viagens de avião, escolher modos de colaboração à distância que evitam as deslocações (as reuniões virtuais são um substituto eficaz em muitos casos) ou outros modos de transporte, sobretudo ferrovia”, e que “informem o público sobre os seus progressos na redução das emissões”.





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