ZERO: Só se reciclaram 12% dos plásticos em Portugal



No dia em que vai ser assinado o Pacto Português para os Plásticos, iniciativa onde participam várias entidades, entre as quais a ZERO, visando promover a prevenção e a reciclagem do plástico, a ZERO fez uma análise aos dados sobre a reciclagem de plástico e concluiu que, em 2018, Portugal apenas reciclou 12% dos plásticos que estão presentes nos resíduos urbanos.

Com efeito, segundo os dados da Agência Portuguesa do Ambiente em 2018 foram contabilizadas cerca de 600 mil toneladas de plástico nos resíduos urbanos, das quais, de acordo com a Sociedade Ponto Verde, apenas 72 mil foram recicladas.

Estes resultados são o corolário natural da inexistência, ao longo dos últimos anos, de uma política efetiva visando a Economia Circular e a reciclagem dos resíduos urbanos.

Entre as razões que a ZERO considera fundamentais para este enorme falhanço da reciclagem do plástico há a destacar as seguintes:

– Manutenção generalizada de um sistema de recolha seletiva baseado nos ecopontos, quando existe toda a evidência técnica que o sistema de recolha porta-a-porta é muito mais eficaz, em particular na recolha de plásticos;

– Subfinanciamento do sistema integrado de gestão de embalagens, uma vez que os produtores de mais de metade das embalagens de plástico colocadas no mercado não têm pago a sua contribuição obrigatória para suportar os custos da recolha seletiva e da triagem dessas embalagens;

– Manutenção de um valor muito baixo da Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) aplicada à colocação de materiais recicláveis nos aterros ou nos incineradores, o que faz com que os sistemas de gestão de resíduos urbanos tenham pouca motivação económica para promover a reciclagem;

– Manutenção de um sistema de gestão de resíduos em que a recolha seletiva é feita por uma empresa privada (EGF) que ao mesmo tempo cobra às autarquias pelo tratamento dos resíduos indiferenciados, numa clara situação de conflito de interesses;

– Inexistência de incentivos financeiros para os cidadãos colaborarem na separação dos resíduos;

– Incapacidade gritante da Agência Portuguesa do Ambiente, ao longo da última década, para implementar políticas públicas visando a reciclagem dos resíduos urbanos.

Face a este quadro negro que, a continuar, vai impedir Portugal de cumprir qualquer tipo de meta de reciclagem dos resíduos urbanos e nomeadamente dos plásticos, a ZERO apelou ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática para que tenha “coragem política para mudar de vez o paradigma da gestão destes resíduos, nomeadamente através da introdução de medidas que corrijam os problemas acima identificados”.





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