2.000 peixes vão ser libertados na Ribeira de Grândola
Na próxima sexta-feira, 10 de Abril, a Quercus vai libertar 2.000 peixes na Ribeira de Grândola, na sequência de uma parceria com o Centro de Biociências do ISPA e o Aquário Vasco da Gama.
Segundo a organização, serão libertados alguns exemplares de bordalos – squalius alburnoides – uma espécie endémica da Península Ibérica e considerada vulnerável. “Esta ribeira, afluente do Rio Sado, apresenta-se como uma excepção numa bacia hidrográfica onde 79% das massas de água apresentam má qualidade”, explica a Quercus.
A Quercus vai aproveitar esta acção para chamar a atenção para os problemas que ameaçam a qualidade dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Sado, em especial numa altura em que se prepara o segundo ciclo de Planos de Gestão de Região Hidrográfica e se analisam as principais pressões presentes nas várias bacias hidrográficas para a definição das Questões Significativas da Gestão da Água (QSIGA).
“Alerta-se assim para a necessidade destas QSIGA estarem correctamente elencadas e para a urgência de se adoptarem medidas de gestão dos recursos hídricos apropriadas, de modo a alcançar o bom estado das massas de água superficiais presentes nesta bacia hidrográfica”, explica ONGA.
A Bacia Hidrográfica do Sado abrange uma área superior a 7000 Km2 e enfrenta diversas pressões decorrentes da crescente ocupação humana e da intensificação da atividade agrícola.
Estes factores têm tido um papel significativo na degradação da qualidade dos cursos de água, produzindo efeitos negativos difíceis de reverter e colocando em risco a sustentabilidade dos recursos naturais ou a sobrevivência de espécies como o bordalo e o mexilhão-de-rio (Unio tumidiformis), espécie que poderá já estar extinta.
A actividade industrial associada ao deficiente funcionamento dos Sistemas de Tratamento de Águas Residuais, a invasão dos habitats por espécies da flora e fauna exóticas e os contaminantes provenientes das antigas minas e escombreiras de Aljustrel, Caveira e Lousal são apenas mais alguns dos factores que ameaçam os cursos de água da região, afectando gravemente a qualidade das águas e dos solos e os ecossistemas deles dependentes.
“A tendência futura é para que a situação se agrave, seja por acção dos factores referidos anteriormente, seja ainda devido às alterações climáticas e às mudanças extremas de precipitação e temperatura que lhes estão associadas, e que contribuem para a diminuição da disponibilidade de água e alteração dos regimes de escoamento, com uma consequente diminuição da qualidade de um recurso essencial à vida e à sustentabilidade dos recursos naturais”, conclui a Quercus.
Foto: Paul River Hudson / http://paulwildphotography.blogspot.pt/