O uso de Plástico e a Economia do Plástico



Por: Carmen Lima – Coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus

O consumo exagerado de materiais descartáveis, muitas vezes em plástico, e o seu inadequado encaminhamento trouxeram para a ribalta uma questão que estávamos longe de enfrentar – o plástico nos oceanos.

Hoje esta temática é encarada como um pro­blema global, com impactes no ambiente, so­ciais e financeiros, com múltiplas implicações para a sociedade e uma resolução complexa.

O tempo que uma garrafa de plástico demo­ra a decompor-se no mar poderá chegar aos 450 anos e todos os anos são lançados cerca de 13 milhões de toneladas deste material. A cada ano que passa a acumulação destes resíduos vai sendo cada vez maior, prevê-se que em 2050 possa haver mais plástico do que peixe nos oceanos. Enquanto esteve a ler este parágrafo terão sido lançados nos rios e nos mares cerca de 75 quilos de plástico! Preocupante?

Este drama é um dos grandes problemas ambientais deste século e a realidade está bem evidente nos animais marinhos, desde as aves ao peixe que nos serve de alimento, poderão entrar na cadeia alimentar, com consequên­cias para os Humanos.

É preciso enfrentar este problema de uma forma sólida, atuando numa mudança de comportamentos, mas também trabalhando a oferta promovendo melhorias, para que os produtos permitam a reutilização e a recicla­bilidade após utilização, conduzindo para prá­ticas de economia circular.

Para tal é fundamental envolver todos os membros da cadeia de valor, para que a mu­dança seja significativa e seja capaz de provo­car efeitos ao nível da mudança de comporta­mentos da população.

Em conta-corrente surge a realidade atual que enfrentamos e a necessidade de promo­ver a continuidade dos serviços de takeaway e entregas em casa, recorrendo a embalagens descartáveis, maioritariamente em plástico, o que levou ao adiamento do prazo para a sua proibição.

Ou seja, o uso de copos, embalagens, ta­lheres, palhinhas, pratos, tigelas e palhetas de plástico descartável, no setor da restaura­ção e similares, foi adiado para 31 de março de 2021. A Quercus já tinha alertado para as consequências da pandemia de covid-19, nomeadamente no aumento do uso de mate­riais descartáveis, muitas vezes encaminhados para o destino incorreto e que na maioria nem são recicláveis, quer por condições técnicas, quer pelo risco de contaminação biológica. Este adiamento irá provocar um retrocesso nos hábitos dos portugueses, numa altura em que muitos portugueses já tinham começado a abandonar os materiais descartáveis no dia a dia.

Artigo Publicado na revista nº 2 – Março 2021





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