Como ficaria produção de alimentos se acontecesse um desastre nuclear?



O impacto de um desastre nuclear iria afetar drasticamente o mundo de diversas formas, pondo em risco, inclusive, a segurança alimentar. Foi a pensar numa situação idêntica que uma equipa da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual da Pensilvânia iniciou um estudo. O artigo foi agora publicado no Royal Swedish Academy of Sciences.

“Não me passou pela cabeça que seria algo que poderia acontecer tão cedo”, admite o principal autor do estudo, Daniel Winstead. “Este artigo foi publicado durante esta última invasão da Rússia à Ucrânia, mas o nosso trabalho começou há dois anos. A ideia de que uma guerra nuclear poderia começar agora era impensável para mim.”

Os resultados da investigação demonstram que, caso acontecesse uma guerra nuclear, os países que se situam em latitudes mais altas, como é o caso dos Estados Unidos e da Rússia, ficariam sem produção agrícola e com poucas colheitas. O sol seria bloqueado durante anos em grande parte do planeta, devido às nuvens pretas que iriam cobrir a atmosfera superior, devido às explosões e a possíveis incêndios florestais. Os níveis de luz iriam reduzir cerca de 40% na zona do equador e cerca de 5% nos polos, a precipitação iria diminuir para metade da média mundial, e seriam esperadas temperaturas mais frias nas regiões temperadas.

As consequências nas florestas tropicas húmidas poderiam manter-se por um período de 15 anos, e provocariam a redução de 90% da precipitação durante anos. Contudo, estas florestas seriam uma oportunidade para produzir alimentos, já que se iriam manter mais quentes. Mandioca, cogumelos, espinafres selvagens, inhame e amaranto, seriam alguns dos alimentos que os autores acreditam ser possíveis de consumir. Também os insetos, como as minhocas e as larvas gorgulho-das-palmeiras, seriam uma fonte de proteína a adicionar à dieta alimentar.

“Independentemente do risco de uma guerra nuclear, existem inúmeras outras ameaças existenciais, inclusive as alterações climáticas. Prestar atenção à segurança alimentar – e à nutrição – diante de qualquer um desses riscos é claramente um dos maiores desafios da humanidade nas próximas décadas. Como tal, é imperativo que entendamos melhor as nossas cadeias de produção, o abastecimento e o valor dos alimentos para torná-los menos vulneráveis ​​e mais adaptáveis ​​em tempos de crise.”, sugere o co-autor, Michael Jacobson.





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