50 mil pessoas marcham até Deli contra destruição da Índia rural



Cerca de 50 mil pessoas vão passar as próximas três semanas a marchar de vários pontos da Índia até à capital, Deli, onde irão protestar contra a destruição da Índia rural. “Quase 100 mil aldeias foram destruídas desde que a Índia ganhou a sua independência. Não podemos aceitar a industrialização a este preço”, explicou um dos organizadores da marcha, o activista veterano PV Rajagopal.

O protesto está a entupir várias estradas indianas e já percorreu 80 quilómetros. É provável que, até chegar a Deli, milhares de outros cidadãos se juntem à marcha, que é inspirada pelo aniversário de Mahatma Gandhi e, de resto, pelas tácticas do activista indiano.

Segundo explicou ao The Guardian, PV Rajagopal, o protesto não pretende apenas garantir o “direito à terra” dos cidadãos da Índia rural, mas alterar a direcção do desenvolvimento do País.

“Há conflitos a todos os níveis com o modelo [de desenvolvimento] actual. A visão de Gandhi para este País é recusada todos os dias. Agora temos um modelo capitalista, de consumo. Se a Índia não mudar [esta direcção], o fim está escrito na parede”, explicou o activista, que já tinha tentado um movimento similar em 2007.

Segundo o Guardian, muitos governantes acreditam que o desenvolvimento indiano – e a erradicação da pobreza – depende da urbanização, investimento massivo nas infra-estruturas e desenvolvimento de uma base fabril capaz de dar emprego a enormes números de pessoas, especialmente as mais jovens.

Do outro lado estão os níveis mais baixos do sistema de castas, um sistema de hierarquia social milenar que ainda tem bastante poder na sociedade indiana. São estes que estão agora a invadir as estradas do País à procura da redistribuição da riqueza e recuperação das terras dos seus antepassados.

“Nós, os adivasis, somos donos [da floresta], não o Governo. Somos donos da floresta porque vivemos aqui desde sempre. A lenha é nossa, mas agora estão a tirar-nos”, explicou ao Guardian Sunder Bai, uma mãe de sete que não sabe a própria idade.

Quase todos os grupos presentes na manifestação têm uma história similar. Leia outras histórias no Guardian [em inglês].





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