550 flamingos nasceram pela primeira vez no Algarve



Uma colónia de flamingos nidificou pela primeira vez com sucesso no Algarve, com 550 animais a nascerem de 880 ninhos construídos, anunciou hoje o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

O nascimento destes juvenis numa colónia de cerca de 3000 flamingos (Phoenicopterus roseus) numa das salinas da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António comprova a nidificação com sucesso desta espécie em Portugal.

Segundo a nota do ICNF, esta nidificação e o seu resultado positivo “poderão ser confirmados no próximo ano e tornar-se uma situação recorrente, o que representaria uma importante adaptação da espécie a diferentes condições das que sempre tem tido nos locais habituais, possibilitando desse modo a diversificação dos locais de nidificação e a manutenção da população da espécie na área geográfica do Mediterrâneo”.

O ICNF adiantou ainda que na Reserva Natural do Estuário do Sado e na Reserva Natural do Estuário do Tejo ocorreu, em simultâneo, a construção de “cerca de meia centena de ninhos em cada uma delas”. Contudo, quer devido a “alteração das condições físicas ocorrida nos locais, quer por se tratar de um número muito reduzido de casais, a nidificação não foi concluída” tendo ocorrido nestes dois últimos casos “abandono dos locais”.

A construção de ninhos por flamingos em Portugal já era conhecida desde finais dos anos 90, nas principais áreas protegidas em zonas húmidas, nomeadamente na Reserva Natural do Estuário do Tejo, Reserva Natural do Estuário do Sado e na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, no entanto, a sua construção não significa só por si a confirmação de nidificação, uma vez que “nunca foram observados juvenis nascidos naqueles locais”, adiantou.

Segundo o ICNF para este resultado contribui a colaboração da empresa Compasal, proprietária dos terrenos que manteve “todas as condições ambientais e de segurança” que possibilitaram o sucesso da nidificação assim como as pessoas e entidades que desde a primeira hora “tiveram conhecimento do processo em curso e mantiveram a necessária discrição, não publicitando os processos de nidificação e a sua localização, evitando deste modo a possível perturbação causada pela curiosidade da novidade”.

Apesar de ser uma ave comum no inverno nas zonas húmidas litorais desde o estuário do Tejo até ao Algarve, só tinham sido registadas tentativas de nidificação em 2010, e, antes disso, na década de 1980, ambas na região algarvia, mas sem sucesso.

Segundo o ICNF, nos últimos anos a população de flamingos tem vindo a aumentar no país, mesmo em zonas húmidas onde antes era pouco observada, no entanto, a espécie continuava sem nidificar em Portugal, por razões científicas desconhecidas.

A diminuição da atividade humana devida às restrições impostas pela pandemia de covid-19, aliada ao aumento das áreas de alimentação e repouso da espécie em Portugal – constatada por vigilantes da natureza e técnicos do Centro de Estudos de Migrações e Proteção de Aves do ICNF –, podem ter contribuído para facilitar a sua reprodução.





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