8 milhões de pedaços de lixo entram nos mares e oceanos todos os dias
Todos os dias, os mares e oceanos são poluídos com oito milhões de pedaços de lixo, de acordo com um estudo da comissão OSPAR, uma convenção internacional fundada em 1992 para prevenir a poluição marítima e que conta com a participação de 14 países europeus, incluindo Portugal.
Segundo a OSPAR, este número, ainda que grotesco, continua a crescer, sobretudo devido ao aumento da utilização de peças de plástico não reutilizáveis – embalagens, sacos para guardar os jornais ou a película de plástico que protege a roupa que mandamos vir online, por exemplo.
Muita da responsabilidade dos retalhistas acaba quando o seu produto chega às lojas, mas há empresas que não podem ficar imóveis a ver o recurso natural que as faz viver, o mar, a ser destruído de dia para dia. “Não é nenhuma surpresa que algumas das marcas que estão a liderar esta [sensibilização] estão ligadas ao surf”, explicou, num texto de opinião publicado no The Guardian, Thomas Callan, investigador freelance especializado em políticas ambientais e sociais.
Callan refere-se à Surfers Against Sewage (SAS – abre PDF), que pretende uma maior responsabilidade das marcas em toda a cadeia de fornecimento, que possibilite um maior controlo da poluição que os seus produtos possa provocar e, assim, manter os oceanos mais saudáveis.
De acordo com o responsável, a EPR (Extensa Responsabilidade do Produtor) pode ter várias formas, incluindo produtos inovadores, design da embalagem, instruções para reciclar o produto quando esta deixa de ter utilidade ou até incentivos financeiros para o reciclar.
A Finisterre, que desenha roupa durável a partir de têxteis certificados, utiliza embalagens feitas a partir de milho compostado com pouquíssimo plástico não biodegradável. Apesar de mais cara, a embalagem garante à Finisterra que não está a ir contra o recurso natural que mantém o seu negócio lucrativo.
“Se vamos para até ao fim do mundo para conseguir que um produto seja o mais responsável possível, então não faz sentido envolvê-lo em algo que vá contra todo o seu propósito”, explicou ao The Guardian Ernie Capbert, director de marca da Finisterre.
Só no Reino Unido, cerca de 350.000 toneladas de roupa usada é enviada para o lixo todos os anos, assim como as suas embalagens. Ao desenhar roupa que dura vários anos e incluir uma embalagem praticamente biodegradável, a Finisterre garante a sua parte na protecção dos oceanos.
Outra das marcas da coligação é a Riz Boardshorte, uma marca de surf de Londres que utiliza têxteis 100% reciclados e recicláveis para os seus calções. Como a matéria-prima é difícil de encontrar, a Riz incentiva os clientes a enviarem os calções que já não usam, oferecendo um desconto de 25% na compra do próximo par. Quem disse que o maketing e a sustentabilidade não podem andar de mão dada?
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