90% dos bebés europeus expostos a fraldas altamente tóxicas
A agência francesa ANSES revelou numa análise que 90% dos bebés europeus estiveram expostos a produtos químicos “muito graves” ao usarem fraldas “altamente tóxicas”. Esta exposição pode levar ao desenvolvimento de “doenças potencialmente muito graves” mais tarde, em cerca de 14.5 milhões de crianças, alerta a mesma.
A avaliação foi realizada durante 2019 e 2020, e encontrou vários grupos de produtos químicos como pireno (PAH), Bifenilos policlorados (PCBs), e compostos orgânicos voláteis (VOC). Foi proposta à União Europeia (UE) a restrição de quatro grupos de productos químicos, mas esta foi rejeitada. O Comité de Avaliação dos Riscos da Agência Europeia dos Produtos Químicos justificou que “os dados científicos disponíveis e a avaliação de risco não demonstram que as substâncias incluídas na proposta estejam presentes nas fraldas em níveis que representem um risco”.
No final de 2020 a ANSES analisou 9 marcas de fraldas descartáveis e, nas amostras que recolheu, encontrou apenas a presença de formaldeído. Os novos resultados demonstraram uma melhoria neste setor, resultante da monitorização imposta pelo governo francês. No entanto, por precaução, a agência apelou novamente à restrição dos produtos químicos nas fraldas na UE.
O anúncio foi dado pela European Environmental Bureau (EEB), uma rede de 170 organizações ambientalistas de 35 países diferentes, que escreveu, junto com a HEAL e a ClientEarth, uma carta à Comissão Europeia, onde pedem a proibição dos produtos químicos nas fraldas descartáveis, dadas as consequências que estes podem ter para os mais pequenos. A EEB alega que este e outros pedidos não tiveram a merecida atenção e acusa a Comissão Europeia de falhar na criação de uma legislação.
“Dia após dia, semana após semana, recém-nascidos e crianças incrivelmente sensíveis podem ser expostos a algumas das substâncias mais tóxicas do planeta. Por incrível que pareça, esta situação é perfeitamente legal. A pressão francesa obrigou os fabricantes a mudar, mostrando que é perfeitamente possível. Mas assim que os inspetores forem embora, o problema pode voltar. Por isso é necessária uma lei. A Comissão comprometeu-se recentemente a proteger as crianças dos perigos químicos. Deve levar a sério esta ameaça das fraldas, parar de perder tempo e eliminar as fraldas tóxicas”, sublinha Dolores Romano da EEB.