Depois de separarem resíduos, chimpanzés também sabem cozinhar



Estávamos em 2000 e os portugueses preparavam-se para entrar num novo ano, século e milénio com uma renovada missão: separar os resíduos. A Sociedade Ponto Verde entrava na casa dos portugueses com o Gervásio, um chimpanzé que, ao contrário de muitos, sabia separar o lixo.

“[É uma campanha] muito recordada”, explicava em 2012 o director de marketing da SPV, Mário Raposo, ao Green Savers. “Apesar de ter sido uma campanha um pouco controversa, ganhou elevados níveis de notoriedade e, sempre que ouvimos falar dela, é em tom positivo”, confessou então.

Na campanha, Gervásio assume-se como um entusiasta da separação de resíduos. “O Gervásio demorou exactamente uma hora e 12 minutos a aprender a separar as embalagens usadas. E você, quanto tempo mais é que precisa?”, ouvia-se no anúncio.

Do mundo da publicidade para o real: um novo estudo descobriu que os primatas têm a capacidade mental para transportar comida para um forno e esperar para que ela esteja cozinhada – ou seja, têm a capacidade de cozinhar.

Investigadores do National Museum of Natural History de Paris, liderados por Sabrina Krief, descobriram que os chimpanzés selvagens do Uganda comem três tipos diferentes de folhas, enquanto consomem a carne que apanharam. Por outras palavras, os chimpanzés temperam a sua comida com ervas. Um outro grupo de chimpanzés do Budongo Forest Reserve e do Kibale National Park, por outro lado, comem planta enquanto mastigam carne.

“Hoje, cozinhar o jantar não requer algo mais do que girar o botão de um fogão, mas para os primeiros humanos, a noção de que, ao simplesmente adicionar calor ou fogo, a comida podia ser algo mais saboroso e fácil de digerir exigiu uma enorme visão cognitiva – percepções muitas vezes apontadas apenas aos humanos”, explicou um porta-voz da equipa de investigadores.

Por outro lado, eles preferem vegetais cozinhados aos crus e não se importam de esperar para que a comida esteja cozinhada – percebem, também, o que podem ou não cozinhar.

“A primeira vez que vi chimpanzés fazerem-no fiquei surpreendido, não imaginava tal. Não o antecipei”, concluiu a pesquisadora Alexandra Rosati, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. “Quando um deles o fez pensei que ele fosse um génio. Mas quase todos o fizeram”.

Este artigo faz parte de um trabalho especial sobre Resíduos, publicado durante o mês de Junho e promovido pela Sociedade Ponto Verde. Todas as sugestões de temas podem ser enviadas para info@greensavers.sapo.pt. Siga a SPV no Facebook, YouTube, Pinterest ou Linkedin e assine a sua newsletter.

Foto: William Warby / Creative Commons





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