Hiena gigante pré-histórica evitou que humanos se distribuíssem mais cedo pela Europa
Uma hiena gigantesca e pré-histórica, que teria o dobro do tamanho da actual, terá evitado que os humanos se espalhassem pelo continente europeu há 1,4 milhões de anos, data em que lá chegaram.
Segundo Joan Madurell-Malapeira, do Instituto Catalão de Paleontologia da Universidade Autónoma de Barcelona, a competição com a pachycrocouta brevirostris impediu que os humanos chegassem a novos territórios europeus – e não o clima, como até agora se julgava.
“A procura de comida teria sido um dos principais problemas das primeiras populações de humanos na Europa temperada. A carne e o consumo de gorduras durante o Inverno era um factor limitador”, explicou o investigador no Quaternary International.
A hiena pré-histórica, que viveu na Europa Ocidental, teria facilmente superado o humano em poder, segundo os investigadores. “Terá sido isto que levou os humanos a desenvolver estratégias de eliminação focadas nas carcaças de ungulados”, continuou o estudo.
“Este nicho foi ocupado pelo pachycrocuta e os humanos antigos. Entre 1,4 e 1,2 milhões de anos, as condições climatéricas eram estáveis e os ambientes abertos favoreciam a dispersão dos humanos pela Europa Mediterrânica. No entanto, a presença de grandes predadores como os felídeos de dentes de sabre e as hienas gigantes foi um factor limitador para conseguir comida”, continua o relatório.
A equipa de Jan Madurell-Malapeira estudou dois locais perto da cidade de Terrassa, no norte espanhol, que contêm centenas de ossos de grandes mamíferos, de uma data em que os antecessores dos humanos poderiam estar a viver em grutas. Os pesquisadores descobriram que a pachycrocouta brevirostris foi responsável pela maior colecção de ossos de mamíferos em Venta Micena, também na Espanha.
Com 1,2 metros e 13 quilos, a hiena poderia facilmente perseguir os humanos. “As populações humanas antigas competiam pelas carcaças de outros animais directamente com estes carnívoros poderosos”, concluiu o estudo.