Homens hesitam em ser vegetarianos por causa do machismo
Um estudo desenvolvido nos Estados Unidos e Reino Unido e publicado no Journal of Consumer Research sugere que os homens hesitam em tornarem-se vegetarianos por questões ligadas ao machismo e na sequência de vários anos de marketing da indústria da carne.
Durante estes anos, explica o estudo, os “verdadeiros” homens foram percepcionados como alguém que bebe cerveja e não se preocupa com o corpo. No entanto, investigadores da Universidade da Pennsylvania, Louisiana, Carolina do Norte e Cornell, dizem que as pessoas da cultura ocidental fazem uma ligação metafórica entre carne e os homens.
O estudo analisou vários cenários entre alimentos – como carne e leite – e as pessoas e sugeriu que estas viam a carne como mais masculina que os vegetais. Por outro lado, existem mais homens a discutir questões ligadas à carne que mulheres. Para além do inglês – norte-americano e britânico – o estudo descobriu que, noutras 23 línguas globais, a carne está ligada ao género masculino.
“Para os homens norte-americanos fortes, tradicionais, machos e que fazem flexões, a carne vermelha é uma comida forte, tradicional, macho e que faz flexões”, ironiza o estudo. “E a soja não. Para a comer, era preciso abdicar de uma comida que eles vêm como poderosa, como eles próprios, por outra que é fraca”.
“Em marketing, perceber a metáfora que os consumidores têm por uma marca pode levar a arte do posicionamento para a ciência”, concluem os autores, citados pelo Inhabitat.
Sabendo-se da ligação da indústria de carne às alterações climáticas, é certo que o consumo deste alimento vai ter de descer drasticamente nos próximos anos.
O site norte-americano diz que, pelas conclusões do estudo, o marketing das marcas e sector vegetariano vai ter de mudar “dramaticamente”. Pode, por exemplo, informar os consumidores que o Grande Khali, Campeão de Pesos Pesados da WWE – wrestling – é vegetariano. E quem lhe vai tentar dizer-lhe que, por isso, ele não é macho?
Foto: TheBusyBrain / Creative Commons