É mais agressivo por viver na cidade? Parece que os pássaros sofrem do mesmo mal
Não há dúvidas, viver numa grande cidade não é fácil. Há trânsito onde quer que vá, o metro está sempre a abarrotar, obras por todo o lado, e as pessoas… bem, as pessoas são um pouco agressivas! E, ao que parece, também os animais que vivem rodeados de prédios sofrem do mesmo mal.
Um estudo publicado na revista Biology Letter afirma que os pássaros que vivem em grandes metrópoles são mais territoriais e agressivos, quando comparados com os que passam os dias em meio rural.
Esta invulgar pesquisa foi conduzida por investigadores da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, para descobrir de que forma o ambiente criado pelo Homem está a moldar o comportamento das aves.
Nos seus habitats diários, (um local de grande movimento pedestre, no caso das aves urbanas, e uma fazenda para as aves de campo) sob o uso de uma gravação, os pardais foram postos à prova com a aproximação de um suposto intruso. Conclusão: os pardais urbanos aproximavam-se do som, batiam as asas com raiva, “cantavam” em alto e bom som e emitiam suaves vibrações, muito comuns antes de um ataque ao inimigo. Os pássaros do campo também reagiram aos estímulos, mas com muito menos intensidade.
Não é bem clara a razão destas atitudes agressivas e territoriais, mas a falta de espaço e escassez de recursos alimentares, podem ser factores de stress para as aves urbanas. “Uma possível razão para esta situação, está no facto de os pássaros terem menos espaço, mas melhores recursos para se defender”, explica Scott Davies, autor do estudo, ao Mental Floss. “Viver perto de seres humanos proporciona melhor comida e abrigo, mas também significa mais concorrência para esses recursos limitados.”
“A expansão suburbana é uma forma primária de mudança de habitat humano e, embora muitas espécies consigam sobreviver nos nossos quintais, o seu comportamento e fisiologia estão a mudar, para lidarem com alterações nos recursos e novos distúrbios”, conclui Kendra Sewaal, investigadora no projecto.
Foto: oatsy40 / Creative Commons