Como transformar uma piscina numa horta urbana integrada?



Quando em 2009 Dennis e Danielle McClung compraram uma casa em Mesa, no estado norte-americano do Arizona, o quintal tinha uma piscina vazia e parcialmente partida. Em vez de gastarem uma pequena fortuna para a reparar e encher de água, Dennis teve uma ideia mais sustentável: começar a cultivar alimentos lá dentro.

Com a ajuda da família e amigos e uma quantidade gigantesca de pesquisa na internet, o Garden Pool nasceu. O que, em tempos, era um buraco de cimento sem vida, é hoje um ecossistema fechado e, estranhamente, prolífico, onde se cultiva de brócolos a batatas-doces, sorgo e trigo, onde até as galinhas e peixes interagem simbioticamente, fornecendo comida suficiente para alimentar uma família de cinco.

Um ano depois da mudança da família para a nova casa, o Garden Pool – Jardim da Piscina, em português – era responsável por 75% da mercearia dos McClung. Cinco anos depois, o projecto tinha já uma comunidade activa e até embaixadores da marca – que entretanto foi criada, a Garden Pools – em todo o mundo.

E o que começou por ser uma experiência familiar – com o respectivo blog – é hoje uma ONG com uma pequena equipa de colaboradores. O projecto foi considerado a melhor horta urbana de Phoenix, recebeu atenção da Grist, National Geographic, Wired e Make a formou um grupo – Meetup – que reúne quase mil membros. Ah, e já conta com centenas de voluntários locais, jardineiros que ajudaram a construir mais de 12 projectos idênticos à volta de Phoenix.

Mas o projecto não se ficou por aqui: cientistas e engenheiros da Cornell University, da Arizona State University e até elementos da indústria espacial visitaram o Garden Pool. Esta Primavera, voluntários do projecto visitaram o Haiti para replicar o sistema. “Já ajudámos a construir perto de 40 jardins idênticos em todo o País, através de consultoria através de email e telefone”, explicou Dennis McClung.

Como funciona?

Em vez de terra, as plantas do Garden Pool crescem em paletes de argila ou fibras de coco. O excesso de humidade pinga para o lago abaixo, o que, com o apoio de um sistema de captação de água, permite ao projecto poupar água. Isto é especialmente crucial num local como Mesa, onde quase não chove.

Em vez de fertilizantes comerciais, o sistema utiliza as fezes de galinha, que caem através da malha de arame amarrada na parte funda da piscina. Isto permite a nutrição de algas e lentilhas na piscina. As tilápias comem as plantas da piscina e soltam os seus próprios excrementos ricos em nitrogénio e a água dos peixes é então canalizada para o sistema de hidroponia, através de uma bomba eléctrica movida a energia solar.

Com o tempo, os McClung acrescentaram ao projecto cabras-pigmeus, fruta e nogueiras. Segundo Dennis, a gestão do Garden Pool não é complicada como parece, nem trabalhosa. A família até já lançou dois livros sobre a sua experiência, com detalhes específicos sobre como cada desafio é trabalhado.

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