Em defesa dos montados

Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra e membro da organização ambientalista LPN chamou a atenção para a campanha internacional que está a ser levada a efeito contra a produção de cortiça num artigo publicado no site Naturlink. Sublinhando o elevado valor que o montado tem para a economia nacional, Helena Freitas refere também a sua “longa história de relação com a vida selvagem”.

“A história da agricultura na Europa”, sublinha, “inclui um conjunto de sistemas agro-silvo-pastoris de desenvolvimento regional, com uma profunda relação entre a natureza e a cultura”. A docente universitária considera estes sistemas de produção e de prática agrícola, “sustentáveis” e um “valioso apoio da transição para uma futura utilização mais sustentável do solo”. Do ponto de vista agrícola e ambiental, “os montados constituem um dos exemplos de sistemas tradicionais de uso do solo na Europa que se podem considerar sustentáveis”, refere ainda.

Apesar do enquadramento agrícola e ambiental favorável Helena Freitas alerta para a “degradação e destruição de grandes manchas de montado em Portugal, em particular onde a pressão imobiliária é maior e em resultado do abandono da terra”. A esta ameaça junta-se, “a disseminação de um discurso demagógico e falso sobre as práticas de obtenção de cortiça e dos seus impactos sobre a Natureza e riscos para a saúde pública”, refere, “numa tentativa sem precedentes para acabar com o monopólio português substituindo-o por outro, o das rolhas de plástico”.

Foto: Arlindo Rosario / Creative Commons