Em 2015, Portugal reciclou apenas 28% dos seus resíduos urbanos, quando a meta para 2020 é de 50%
Segundo dados disponibilizados pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Água e de Resíduos) revistos pela ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, em 2015, Portugal teve um desempenho muito aquém do que seria necessário na gestão de resíduos sólidos urbanos. Com o país a alcançar valores de apenas 28% na reciclagem de resíduos urbanos, Portugal terá dificuldade em alcançar a meta a que está obrigado em 2020.
Para a Zero, o mau desempenho de Portugal fica a dever-se a um conjunto de factores que é urgente alterar, entre eles: a manutenção de uma taxa de gestão de resíduos muito baixa, que não desincentiva a opção por estas soluções de fim de linha e a reduzida aposta na recolha selectiva porta-a-porta. O problema pode também ser explicado pela ausência de uma estratégia de recolha selectiva de resíduos orgânicos, quando Portugal tem muitos solos degradados que necessitam de incorporação de matéria orgânica e de nutrientes para melhorarem a sua fertilidade e por fim, um sistema de pagamento do custo de tratamento de resíduos por parte do cidadão, que não diferencia entre quem se esforça e quem nada faz.
O panorama português poderá sofrer alterações, desde que Portugal aposte em estratégias zero resíduos, como acontece já em Itália ou Espanha, e que permitiriam ao país cumprir as metas definidas. Como fazer isto? Para a associação Zero, esta abordagem só teria impacto com a promoção de medidas de prevenção da produção de resíduos, quer na comunidade, quer através de medidas que assegurem que quem mais colabora paga menos pelo tratamento dos seus resíduos e com um agilizar do processo de separação selectiva de resíduos (recolha porta a porta e a disponibilização de soluções para um conjunto alargado de resíduos, incluindo os orgânicos).
Com o objectivo de estimular o debate em torno do potencial deste tipo de abordagem para a realidade portuguesa, a ZERO organiza um evento que decorrerá amanhã, 5 de Dezembro, a partir das 9.30h, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Esta será para os profissionais desta área debaterem e esclarecerem as suas dúvidas sobre as potencialidades, mas também sobre as dificuldades inerentes à aplicação de uma estratégia de zero resíduos.
Um dos exemplos que certamente será referido é o da cidade de Parma, com mais de 190 mil habitantes, que em apenas 4 anos aumentou em perto de 24 pontos percentuais a sua recolha selectiva (de 48,5% para 72%), ao mesmo tempo que reduziu 59% dos resíduos que tiveram que ser depositados em aterro ou incinerados.
Foto: José Mota