Adorado por milhões, o Ganges está a morrer
“A história do Ganges”, escreveu o ex-primeiro-ministro indiano Jawaharlal Nehru, “de sua fonte ao mar, dos tempos antigos aos modernos, é a história da civilização e da cultura da Índia”. Mas agora essa cultura está a morrer. Fruto da sobre exploração humana, dos esgotos e das descargas industriais que fluem sem qualquer tratamento para o rio.
As suas águas nascem cristalinas nos Himalaias, mas depressa mudam para outros tons, por vezes cinzentos, outras castanhos. E nas suas margens amontoam-se montanhas de lixo, de toda a espécie e qualidade. Mas o Ganges continua a alimentar uma população de quase 500 milhões, a maior concentração no mundo de pessoas dependente de um rio.
Desde os anos 1990 que a OMS alerta para os níveis e para os riscos da poluição, mas o governo indiano não tem conseguido dar resposta ao problema. A mais recente é um ambicioso projecto de dois mil milhões e meio de euros, destinados sobretudo à construção de mais estações de tratamento de águas e para afastar as indústrias mais poluentes das suas margens. Mas os prazos estão longe de serem cumpridos.
Até lá, milhões de hindus vão continuar a banhar-se nas águas do rio sagrado, num ritual de purificação que está muito longe de o ser.
Fotos: Creative Commons
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