Uma sequela inconveniente
Al Gore, o antigo vice-Presidente de Bill Clinton e o candidato derrotado (contra George Bush) é uma estrela mundial na luta contra as alterações climáticas. O seu filme/documentário “Uma Verdade Inconveniente” foi uma pedrada no charco e despertou milhões para a necessidade agirmos e fazermos mais para proteger a nossa casa.
Na altura já era um tema quente mas estava longe de ganhar a evidencia e a clarificação que a “verdade inconveniente” consegui transmitir. Nessa altura, aliás, o mundo tinha acabado de assinar o Protocolo de Quioto, “o primeiro Acordo de Paris” mas o então Presidente dos Estados Unidos, George Bush, saia também fora do acordo, alegando “custos demasiado elevados para a economia americana”. Pelo menos Bush não era um negacionista – os que não acreditam no fenómeno – e lançou os Estados Unidos num plano alternativo para reduzir as emissões.
Fast forward de 2006 para 2017. A situação é ainda pior no campo da política. Um novo Presidente volta a abandonar um acordo internacional para salvar o planeta e, desta vez, com a agravante de achar que “é tudo uma invenção chinesa para prejudicar a américa” e nomeando negacionistas para os principais cargos ambientalistas no seu pais, o maior poluidor do mundo.
Eis que surge então “An Inconvenient Sequel: Truth to Power” (“Uma Sequela Inconveniente: Verdade ao Poder”). O documentário chegou a ser adiado para incluir este novo dado que dá um excelente contexto para abrir o documentário. Ao longo do filme seguimos Gore em périplos pelo mundo, alertando para as alterações e para as formas de a combater. Mostrando-nos como tinha razão há 10 anos, quando o chamaram de “catastrofista militante”.
Infelizmente, hoje o tema virou “politiquice” em tantos países, incluindo o seu, motivo pelo qual tantas descobertas científicas, novos dados e evidências ou o consenso entre a comunidade caiem em saco roto. E estes alertas perdem-se precisamente junto daqueles que mais precisavam de ouvir “a verdade”.
Para os outros, Al Gore e o documentário procuram passar uma mensagem positiva: a humanidade tem já as armas que necessita para combater o aquecimento global e essas armas podem e serão utilizadas. Quem o diz é o “optimista militante”, que acredita claramente num melhor amanhã. Apesar dos políticos.
O filme já saiu nos EUA e começa agora a ser exibido em vários países, embora não exista previsão de estreia para Portugal. Enquanto isso não acontece, “let’s look at the trailer”:
Foto. Creative Commons