Pangolim em risco de extinção
As autoridades da Costa do Marfim anunciaram, há dias, a apreensão de três toneladas de escalas de pangolim. Foram presos oito traficantes na noite de terça-feira (dia 25) quando se preparavam para vender a sua carga, provavelmente para a Ásia, disse o capitão Thimotée Gnahore, da unidade de luta contra o Crime Organizado Transnacional (UCT), numa conferência de imprensa em Abidjan.
Três toneladas de escalas representam 4.000 pangolins capturados na Costa do Marfim, Burkina Faso e Libéria, de acordo com Adama Kamagate, da organização EAGLE – Eco Activists for Governance and Law Enforcement, que ajudou a UCT e os agentes da Água e Florestas na operação.
“Foi um massacre”, lamentou Comissário Bonaventure Adorno, chefe da UCT, citado pela Agence France Press (AFP).
Animais de aspecto pré-histórico, os pingolins são nativos das florestas subtropicais da África e Sudeste Asiático. Existem oito espécies, representando cerca de 70 milhões de anos de evolução única. É que estes animais da família dos manídeos são os únicos mamíferos no mundo que possuem escamas, algo tão inusitado que têm a sua própria ordem: Pholidota.
Mas apesar de todos os pangolins estarem protegidas por leis nacionais e internacionais (protegidos pelo tratado da Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES) desde Setembro de 2016), os pangolins estão entre os animais mais traficados à face da Terra. Na verdade, duas espécies estão mesmo na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN) de Espécies Ameaçadas.
Estima-se que nos últimos dez anos, mais de um milhão de pangolins selvagens tenham sido capturados.
O valor de mercado da carga ilegal apreendida em Abidjan está estimado em 45 milhões de francos CFA (cerca de 70.000 euros) no mercado da Costa do Marfim, mas o seu valor para o mercado asiático poderia ser cem vezes superior. As escamas destes animais chegam a valer 1000 euros /kg no Vietname e na China, onde também são usadas como afrodisíaco e em diversos tratamentos da medicina tradicional.
Sendo um negócio muito lucrativo e com penas de prisão leves (de apenas um ano), é difícil controlar este tráfico, refere Adama Kamagate à AFP. A EAGLE, que trabalha em dez países africanos para lutar contra o tráfico de animais tem vindo a pressionar o governo para fazer uma revisão do Código Penal. Se nada for feito para interromper o tráfico, os pangolins cuja população caiu 50% em cinco anos na Costa do Marfim, correm o risco de desaparecer das florestas deste país, adverte.
Foto: Pangolin Research Mundulea/IUCN SSC Pangolin Specialist Group