Só metade da fruta produzida no país chega à mesa dos portugueses



Apenas dois terços dos frescos comercializados e metade das frutas que chegam à mesa dos portugueses têm origem nacional. É esta a conclusão de um estudo desenvolvido pela associação ambiental Zero, que foi para as lojas e grandes superfícies comerciais investigar se os hortícolas e frutas produzidos em Portugal chegam de facto às mesas das famílias.

Feito ao longo do mês de Maio e Junho, o estudo constatou que cerca de 65% dos frescos comercializados tinha origem nacional, havendo mesmo oito exemplos – acelga, coentros, fava, grelos, nabiça, nabo e rabanete – em que a produção era totalmente portuguesa.

Abaixo dos 50% de produção nacional surgem produtos de grande consumo como o tomate, o pimento, a curgete, a cebola e a batata, o que segundo esta associação ambiental revela que “há muito a fazer para favorecer a produção nacional e prevenir impactos ambientais das deslocações no que respeita à horticultura”. Os números revelam ainda que 19% dos produtos hortícolas são originários de Espanha e 8% chegam ao nosso país vindos de França.

Se nos produtos hortícolas se verifica um esforço de incentivo à produção nacional, o mesmo cenário não se verifica nas frutas, uma vez que apenas 50% destes produtos são produzidos em território nacional. Só os morangos e as amoras revelam 100% de origem nacional, enquanto as ameixas (82%), o figo (77%), a cereja (64%) e o pêssego (60%) apresentam valores acima dos 50%. Com valores muito baixos, encontra-se o limão, apenas com 24% de origem nacional e a uva com 23%. Ao continente chegam apenas 25% do ananás e 27% das bananas produzidos nos Açores e na Madeira, respectivamente.

Como contornar então este cenário? Para a Zero a solução passará por uma “agricultura de proximidade, justa e equilibrada” que permita evitar “impactos ambientais significativos criados pelo transporte de alimentos que poderiam ser produzidos localmente.” A associação defende ainda que os consumidores têm um papel a desempenhar nesta equação, ao fazerem escolhas “conscientes e informadas.”

Em comunicado, a Zero partilha ainda algumas medidas para potenciar uma discriminação positiva dos agricultores e uma maior responsabilização dos consumidores, a saber: criação de modos de comercialização dos produtos agro-alimentares mais sustentáveis, do ponto de vista ambiental, social e económico; consciencialização dos cidadãos para a aquisição e consumo de produtos locais e da época; criação de incentivos públicos à produção nacional de hortícolas e frutos frescos em modo de produção biológico e por fim, a eliminação progressiva de todos os apoios públicos à produção animal e vegetal intensiva, canalizando-os apenas para modos de produção biológicos ou de produção agro-ecológica.

Foto: Christyam de Lima / flickr





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...