Alterações climáticas: COP23 desenhou um plano para maior ambição



Após um prolongamento dos trabalhos e negociações para permitir um entendimento em áreas relacionadas com o financiamento, chegou ao fim em Bona, já na madrugada de 18 de Novembro, a 23ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 23).

Os países preparam-se para adoptar um roteiro para o denominado Diálogo Talanoa (palavra fijiana para conversa). Trata-se de um processo que, em última instância, deverá aumentar a ambição das metas climáticas de todos os países para o ano 2030, após a próxima Cimeira do Clima, a realizar em Dezembro de 2018, em Katovice, na Polónia.

Dois meses antes, em Outubro de 2018, será apresentado o relatório especial do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) que envolve mais de 3 mil cientistas, sobre as acções necessárias para redução das emissões de gases de efeito de estufa (GEE), para evitarmos um aumento de temperatura não superior a 1,5 graus Celsius, em relação à época pré-industrial. Este relatório vai certamente mostrar quão longe estamos da trajectória desejável.

Nesta Cimeira em Bona, além do compromisso de discutir a forma de ampliar a acção climática, os países fizeram progressos modestos no desenvolvimento de um texto de negociação para o “Livro de Regras de Paris”, que inclui as directrizes necessárias à implementação do Acordo de Paris. Ainda há muito trabalho a ser feito, já que as regras devem ser finalizadas no próximo ano para serem adoptadas na próxima Cimeira em 2018.

Também se registaram progressos limitados nas questões concretas relacionadas com o financiamento climático e como lidar com os impactos catastróficos das alterações climáticas, como os que alguns países vulneráveis sofreram nos últimos meses. As decisões apenas aprovaram o processo para discutir estas questões, não definindo ainda as acções concretas, que voltaram a ser adiadas para 2018.

O roteiro do Diálogo Talanoa deve ajudar os países a superar o fosso entre o que se comprometeram a fazer e o que é necessário para manter o aumento da temperatura em níveis seguros. A União Europeia precisa de avançar e aproveitar ao máximo esta oportunidade, preparando tudo para aumentar o seu objectivo climático para 2030 através do desenvolvimento da nova estratégia carbono zero para 2050. É necessário fazer mais e muito mais rápido, na medida em que o ritmo actual das negociações não coincide com a urgência da acção climática, nem com a velocidade de transição energética para as energias renováveis e acessíveis a todos.

E Portugal? Portugal é infelizmente um exemplo onde os impactes das alterações climáticas foram e estão a ser claramente visíveis, desde a magnitude dos incêndios florestais à seca severa e extrema que afecta o país.

Para as associações ambientais ZERO e a OIKOS é “muito positivo que o governo português se tenha comprometido internacionalmente, no quadro da “Powering Past Coal Alliance”, a encerrar as centrais térmicas a carvão de Sines e Pego até 2030, sendo que consideramos que é perfeitamente possível e desejável que tal aconteça até 2025, ou até antes.”

Foto: via Creative Commons 

 





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