Seremos nós os culpados por doenças como a Covid-19? A explicação dos cientistas



A destruição de habitats e a construção crescente de zonas urbanas e habitacionais tornou-se comum ao longo dos séculos, porém, a contínua perturbação da biodiversidade tem vindo a trazer graves repercussões para o ser humano e para o planeta.

Os cientistas acreditam que o surto de coronavírus é apenas uma ponta do iceberg, do que está para vir. “Cortamos as árvores; matamos os animais ou pomo-los em gaiolas e enviamos para os mercados; Rompemos os ecossistemas e libertamos os vírus dos seus hospedeiros naturais. Quando isso acontece, eles precisam de um novo hospedeiro. Muitas vezes, somos nós.” afirma o escritor David Quammen, citado pelo The Guardian.

O surto de doenças transmitidas com origem animal é uma ameaça crescente (e não surpreendente), que prejudica a saúde, a segurança e a economia global, defende Kate Jones, diretora do grupo de investigação de biodiversidade e professora da UCL (University College London). Há vários exemplos que doenças infecciosas que têm vindo a surgir ao longo das décadas, como a Ébola, a Sars, o dengue e agora o Covid-19.

A desflorestação para extração de madeira, a construção de estradas e a crescente urbanização, aproximam cada vez mais as espécies dos seres humanos, pelo que esta interferência é a principal razão para os surtos. A especialista ironiza “Estamos a criar habitats onde os vírus são transmitidos mais facilmente e depois ficamos surpreendidos pela sua presença”.

Embora os mercados de venda e consumo de animais selvagens sejam também um problema, dado que contribuem para a passagem de agentes patogénicos entre espécies e pessoas, não são o motivo principal. Estes mercados encontram-se principalmente em África e na Ásia, maioritariamente em locais onde as fontes de alimento são escassas para milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza, escreve o jornal britânico.

Conclusivamente, é preciso uma mudança a nível mundial que abrande a crescente deterioração de ecossistemas, e é necessário “pensar em biossegurança global, encontrar os pontos fracos e reforçar a prestação de cuidados de saúde nos países em desenvolvimento”, caso contrário nada se vai alterar, garante Kate Jones.





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