Mais negros que a própria escuridão. Os peixes “ultra-pretos” das profundezas do Oceano
Nas profundezas dos oceanos há peixes que evoluíram a sua camuflagem e se tornaram mais negros que a própria cor preta, absorvendo a ténue luz que possa existir nesses locais remotos.
Esta pele negra permite-lhes atacar presas desprevenidas, assim como escapar de predadores que na penumbra não conseguem vislumbrar estas espécies mais pretas que a cor preta.
Um estudo, na revista Current Biology, documenta a “ultra-escuridão” em 16 espécies de peixes do fundo do mar e sugere que mais poderiam ser encontradas.
A descoberta coloca as espécies do fundo do mar entre os poucos animais a desenvolver pigmentação ultra negra, incluindo as aves do paraíso da Australásia (região que inclui a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores da parte oriental da Indonésia) e algumas borboletas e aranhas.
O chamado ultra-preto é definido como refletindo menos de 0,5% da luz que entra. Em comparação, o papel preto na verdade reflete cerca de 10% da luz recebida, por isso é cerca de 20 vezes mais claro que o ultra-preto.
Muitos cientistas têm vindo a trabalhar para criar os seus próprios materiais ultra-negros. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts no ano passado reportou um material que reflete apenas 0,005% da luz.
Os peixes ultra-negros não são tão pretos, mas podem muito bem ser os animais mais negros – refletindo entre 0,044% e 0,051% da luz.
Os cientistas do estudo agora publicado passaram semanas à procura de peixes ultra-pretos no Golfo do México e na Baía de Monterey, na Califórnia.
Alguns eram muito pequenos – o mais preto que encontraram, um tipo de tamboril, tinha apenas dois centímetros de comprimento.
O peixe usa ultra-escuridão para se esconder, de forma que pode alimentar-se de peixes e crustáceos ainda menores atraídos pela atração bioluminescente que oscila na sua testa.
Se não houvesse luz nenhuma nas profundezas do oceano, tudo seria completamente preto e não haveria necessidade de evoluir a ultra-escuridão.
Foto: Karen Osborn / Smithsonian Institution