Leite de amêndoa é cada vez mais uma alternativa ao leite animal. Mas será melhor para o ambiente?
As amêndoas não são apenas um snack popular, são também uma fonte alimentar nutritiva. São também usadas numa variedade de outros produtos de consumo, como manteiga de amêndoa e farinha de amêndoa, e são cada vez mais utilizadas como alternativa ao leite para pessoas com alergia a laticínios ou preferências veganas.
O leite de amêndoa, produto básico do supermercado, é usado em tudo, desde o café até à panificação. Mas aqui a questão é se as amêndoas e o aumento da procura por leite de amêndoa estão a prejudicar o meio ambiente.
É importante entender primeiro que a produção de amêndoas é uma questão regional. Nos Estados Unidos, a Califórnia cultiva quase todas as amêndoas do país e também fornece mais de 80% das amêndoas enviadas para todo o planeta. Nem é preciso dizer que esse nível de produção afeta uma parte significativa das terras, da economia e dos recursos do estado. O resultado é uma indústria criticada pelo consumo extremo de água e uso de pesticidas.
É verdade que a agricultura utiliza imensa água, e as amêndoas não são exceção.
Uma única amêndoa utiliza mais de quatro litros de água para ser produzida. Em termos de comparação, um único quilo de carne bovina requer cerca de 6800 litros, o que nos leva à conclusão de que a criação de gado requer mais recursos que o cultivo de amêndoas.
Os agricultores percebem que a água é um recurso precioso e tem sido um assunto de conversa durante décadas. Como resultado, os produtores de amêndoas da Califórnia passaram duas décadas a reduzir em 33% a quantidade de água necessária para cultivar meio quilo de amêndoas. Além disso, comprometeram-se a reduzir ainda mais o uso de água em outros 20% até 2025.
Esta redução tem sido possível graças à tecnologia, que permite medir os níveis de humidade do solo e direcionar a água para onde ela é necessária.
Outra preocupação gira em torno do uso de pesticidas na produção de amêndoas, pois os pesticidas acabam no solo e no abastecimento de água. A resposta para esse problema é básica; simplesmente compre orgânico. Embora a transição tenha sido gradual, um número crescente de produtores de amêndoas na Califórnia está a converter-se para métodos de cultivo orgânico.
Depois, existem as alegações de que o leite de amêndoa está a matar as abelhas, mas as amêndoas são importantes para as abelhas. Não apenas o néctar de amêndoa, mas os pomares de amêndoas sustentam cerca de 2 milhões de colmeias só nos EUA, tornando-se o maior evento de polinização gerido do mundo. Com o bom, vem o mau – os pesticidas são de facto considerados responsáveis pelo colapso das colónias, reforçando a necessidade de cultivar e comprar amêndoas orgânicas.
Embora a discussão sobre a produção de amêndoas seja importante para saber se o leite de amêndoa é nefasto para o meio ambiente ou não, também é fundamental perceber que a maioria do leite de amêndoa utiliza muito poucas amêndoas. A maioria dos leites de amêndoa é rica em ingredientes adicionados, como açúcares, sabores artificiais e espessantes. A embalagem e o transporte do leite de amêndoa têm um impacto negativo e todos os ingredientes adicionados tornam os benefícios nutricionais do leite de amêndoa questionáveis, na melhor das hipóteses.
É possível reduzir o impacto ambiental do leite de amêndoa pré-embalado fazendo o seu próprio leite em casa. Há receitas por toda a internet que explicam como fazer e até trazem o tradicional sabor da amêndoa com temperos e aromas naturais.
Lembre-se também de que as amêndoas oferecem os mesmos benefícios ambientais de qualquer outra árvore, removendo dióxido de carbono e libertando oxigénio. Além disso, os galhos oferecem sombra ao solo permitindo melhor retenção de água e menor evaporação.
Quando as folhas caem, elas adicionam nutrientes ao solo através da compostagem natural. Ao todo, a pegada de carbono é um pequena, especialmente em comparação com os laticínios convencionais, enquanto as recompensas económicas, nutricionais e ambientais são altas.