Dia Mundial do Solo: a biodiversidade como chave para um futuro sustentável
A biodiversidade do solo é uma das soluções naturais para muitos dos desafios que a humanidade enfrenta, desde a produção de alimentos até ao armazenamento de água, passando pela fixação de carbono ou obtenção de medicamentos, indicou a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), a agência especializada das Nações Unidas que lidera os esforços internacionais para erradicar a fome no mundo.
O bem-estar da humanidade depende em grande medida da biodiversidade e dos serviços ecossistémicos que esta presta, afirma o relatório “Estado do conhecimento da biodiversidade do solo”, publicado hoje por ocasião do Dia Mundial do Solo.
Dependemos do solo para produzir alimentos e, hoje mais do que nunca, há muita pressão para produzir alimentos que tenham todos os nutrientes e sejam seguros (livres de poluentes e patógenos), e é neste campo que a biodiversidade do solo desempenha um papel fundamental, pois pode ajudar no controlo de pragas e doenças.
O relatório inclui algumas das atividades que contribuíram para a degradação e contaminação dos ecossistemas do solo, incluindo a preparação do solo com maquinaria pesada ou monoculturas.
Contra esta deterioração, é necessário promover não só a mudança para a rotação de culturas ou evitar a preparação pesada do solo, mas também aproveitar os próprios organismos do solo para fertilizar, evitando a criação de fertilizantes sintéticos cuja produção também é poluente.
A qualidade do solo garante também a diversidade de seus organismos, úteis para a fabricação de vacinas e medicamentos. Portanto, o relatório destaca a necessidade da sua biodiversidade num momento em que a resistência aos medicamentos é uma das ameaças mais preocupantes para o futuro.
Estas resistências atingem o próprio solo através de antibióticos que são utilizados na pecuária e na agricultura e que podem afetar os organismos que o habitam.
Emissão de gases
Os ecossistemas produzem cerca de 12% das emissões globais de gases de efeito estufa, e entre eles os solos geram até 38%.
Portanto, a sua utilização pode tornar os organismos que a habitam aliados ou inimigos potenciais no combate às alterações climáticas.
Uma utilização sustentável dos solos permitiria aumentar o nível de carbono nos solos, o que significará uma melhoria na sua saúde, um aumento na produtividade das lavouras ou uma maior capacidade de infiltração de água.
Recuperar
Não basta reflorestar, é preciso pensar na biodiversidade, segundo o relatório, um exemplo disso são as bactérias e fungos no solo, que podem eliminar em até 85% os hidrocarbonetos do óleo presentes num derramamento. Neste processo os organismos podem transformar substâncias tóxicas presentes no solo em formas benignas.
De acordo com o relatório, o uso de organismos do solo em todas estas áreas ainda é problemático quando implementado fora de laboratórios e, além disso, o acesso a essas técnicas agrícolas modernas ainda é muito caro para a grande maioria dos agricultores.
Por isso, a FAO insiste na necessidade de uma colaboração internacional que leve estas técnicas a uma escala maior. Ainda mais no quadro da “Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas”, que terá início no próximo ano.