Em 2020, a Natureza não deu tréguas e os desastres naturais devastaram o planeta
O ano de 2020 foi um ano marcado por vários desastres naturais. Segundo o relatório da Organização Meteorológica Mundial da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, as concentrações dos principais gases de efeito estufa continuaram a aumentar em 2020. Além disso, este ano poderá ser, a nível global, um dos 3 anos mais quentes de que há registo, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Entre algumas das consequências sentidas este ano, como as tempestades no Atlântico, os incêndios florestais que queimaram a maior área de sempre na Califórnia, as inundações na Ásia e em África e um Pólo Norte a derreter. Como avança a Associated Press, potenciadas pelas alterações climáticas causadas, principalmente, pela queima de carvão, petróleo e gás natural.
Os Estados Unidos foram dos países mais afetados, tendo sido afetados pelos incêndios florestais no oeste, uma temporada de furacões com números recorde e um tufão a meio do verão. Segundo a CBS, o Centro Nacional de Informações Ambientais (NCEI) confirma que os EUA foram afetados, até agora, por 16 catástrofes naturais e ambientais diferentes, provocando danos acima dos mil milhões de dólares – valor semelhante ao máximo atingido em 2011 e 2017. No entanto, os eventos climáticos só foram contabilizados até ao fim de setembro, podendo por isso os números divulgados em janeiro de 2021 ultrapassar qualquer recorde.
Todas estas catástrofes nos EUA “contribuíram para criar um ano catastrófico”, concluiu Adam Smith, especialista na área do clima da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional. “As alterações climáticas têm as impressões digitais em muitos desses diferentes e extremos desastres”.
O relatório sobre o clima em 2020, revela que o nível do mar aumentou ao longo do ano “a uma taxa mais alta, em parte devido ao aumento do degelo na Gronelândia e na Antártida”. O aquecimento e o degelo das calotes polares aumentou o nível do mar, mas não foram o principal fator que potenciou as grandes inundações este ano, tendo ocorrido “chuvas fortes e inundações” em grandes áreas dos continentes africano e asiático.
A Sibéria, por exemplo, chegou a atingir os 38 graus Celsius este verão. E grande parte do Ártico teve temperaturas cinco graus acima da média, provocando até incêndios florestais. Também a região árida do Vale da Morte, habitualmente das zonas mais quentes e secas do planeta, atingiu novos recordes: superou os 54,4 graus Celsius.
“A natureza está a enviar-nos uma mensagem. É melhor ouvirmos”, disse à AP o diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen. Em todo o mundo, registaram-se mais de 220 catástrofes associadas ao clima e às alterações climáticas, tendo afetado mais 70 milhões de pessoas e causado danos superiores a 69 mil milhões de dólares.
Mais de 7.500 pessoas morreram, de acordo com dados preliminares do banco de dados internacional de catástrofes mantido no Centro de Investigação sobre Epidemiologia de Desastres da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.