A “Cidade da Esperança” nasceu para salvar um país que pode ter os dias contados



Os resorts de luxo à beira-mar podem ser mundialmente famosos, mas com mais de 80% das 1.200 ilhas a menos de 1 metro acima do nível do mar, o paraíso do Índico pode ter os dias contados. Se a água dos mares subir mesmo um metro até ao final do século, conforme as previsões revistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, da ONU, as Maldivas deixarão de existir.

“Somos um dos países mais vulneráveis ​​da Terra e, portanto, precisamos de nos adaptar”, declarou o então vice-presidente das Maldivas, Mohammed Waheed Hassan, num relatório do Banco Mundial, que alertou para o facto de boa parte das ilhas naturais poderiam estar submersas até 2100.

Mas a população local está determinada a lutar para preservar a sua existência. Em 2008, o então presidente Mohamed Nasheed apareceu nas manchetes dos principais jornais do mundo todo ao anunciar um plano para comprar terras num outro lugar para que os seus cidadãos pudessem ser realojados caso as ilhas ficassem submersas. Apelidada de “Cidade da Esperança”, nasceria assim uma nova ilha artificial chamada Hulhumalé. Antes da pandemia, eram muitos os turistas que a podiam visitar, visto situar-se a apenas 20 minutos da capital, Malé.

Ao usarem milhões de metros cúbicos de areia bombeados do fundo do oceano, a nova ilha ficou colocada a mais de 2 metros acima do nível do mar. Assim, a “Cidade da Esperança”, que está em expansão, vai aliviar a sobretlotação que atualmente assola Malé, onde mais de 130 mil habitantes se amontoam em pouco mais de 2,5 km². “Malé é uma das cidades mais densamente povoadas da Terra”, diz Kate Philpot, à BBC, que trabalhou como cientista nas Maldivas.

Neste momento, há mais de 50 mil habitantes em Hulhumalé, mas as ambições são muito maiores – a ideia é acolher quatro vezes mais habitantes, ou seja, 200 mil. Essa perspectiva inclui uma combinação de casas de qualidade, novas oportunidades de emprego e espaços de lazer aberto. Os edifícios são voltados para norte-sul para reduzir o calor e melhorar o conforto térmico. As ruas são projetadas para otimizar a passagem do vento, diminuindo a dependência do ar-condicionado. E as escolas, mesquitas e parques dos bairros estão a uma distância de 100 a 200 metros a pé dos empreendimentos residenciais, reduzindo a necessidade de carro.





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