Conferência APREN e WIBIS: Perspetivas Portuguesa, Ibérica e Europeia para o Sector Eólico



Está a decorrer hoje o segundo dia da Conferência da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e da Wind Energy and Biodiversity Summit (WIBIS), “Redesigning wind for the next era”, onde o futuro da energia éolica é debatida a nível nacional e internacional entre profissionais do setor.

Esta manhã realizou-se a mesa redonda “A perspetiva Portuguesa, Ibérica e Europeia do setor”, onde estiveram a debater os oradores Juan Virgilio Márquez, CEO da Asociación Empresarial Eólica, Giles Dickson, CEO da WindEurope e o moderador Pedro Amaral Jorge, Presidente da Direção da APREN.

A Comissão Europeia impôs para 2030 uma redução de 50% na energia fóssil até 2050 e o aumento das renováveis. Giles Dickson começa por indicar que a União Europeia “concordou em manter as suas metas de redução de 40% de produção de gases de efeito de estufa (GEE) e de aumentar a produção de renováveis até 55%”, um dos pilares para o Green Deal na Europa, que acrescenta “foi um acordo unanime”.

O CEO da WindEurope afirma que em junho deste ano a Comissão Europeia vai propor “uma nova meta para as energias renováveis para 2030”, onde se prevê um aumento “entre 38% a 40% de energias renováveis”, que “de momento é de 32%”. Este foi considerado pela Comissão um “intervalo adequado para aumentar a meta para as energias renováveis e para diminuir as emissões de gases de efeito de estufa.”

Como tal, a nova emenda dá oportunidade de mudar algumas características da diretiva das energias renováveis, como indica Giles, por exemplo, “as exposições de garantia de origem, as disposições em PPAs renováveis, e as regras sobre licenciamento, que não são suficientes” para conseguir aos volumes necessários de atingir.

Aproveita ainda o assunto para apontar que é necessária uma simplificação do licenciamento e alteração dos programas e volumes de leilões. “Portugal e Espanha são dois dos países em que os níveis de pormenores até são bastante bons, mas muitos países não. falam muitos pormenores, mas a curto e medio prazo temos dificuldade em chegar aos volumes que se comprometeram nos seus planos nacionais de energia”, explica.

Juan Virgilio Márquez intervém, ressaltando o facto de que “as politicas necessárias para se chegar aos 33% de renováveis [apontados nos planos nacionais] ainda não estão presentes” e que os pormenores “não são suficientes a nível de políticas”.

O CEO da Asociación Empresarial Eólica explica que Espanha tem “um dos planos um dos planos mais ambiciosos da Europa”, ambicionando chegar aos 44% de energias renováveis, com 15.5 MW em eólica on shore, o equivalente a um aumento de 2.2 MW por ano dado que o valo atual é de 20.6 MW. No entanto, afirma, “é preciso uma nova visão.” “É preciso mecanismos reais, que sejam práticos, que nos permitam avançar e chegar ao nível que temos que atingir em 2030 no nosso plano nacional”, enuncia.

Os oradores apontam ainda dois problemas atuais do setor, a lentidão do processo de licenciamento e o design e mecanismo dos leilões. Quanto ao primeiro ponto, Giles Dickson revela que em Espanha “o licenciamento demora quase 3 anos”, sendo por isso acelerar os processos, fazendo “o licenciamento e o emporwing em 1 ano”.

Relativamente aos leilões, o especialista afirma “Há muitas instalações eólicas e solar a partilharem o mesmo intervalo de preços (…) ambas estão a competir no mesmo intervalo de preços”, o que, considera não fazer sentido nenhum. “Não faz sentido leilões neutros em termos de tecnologia são maus e não fazem sentido, porque o valor da energia eólica é muito diferente do output dos painéis solares, o valor no final do dia é muito diferente. O valor de vida útil do solar ou da eólica não é idêntico, não faz sentido manter ambos ao mesmo valor.”

“Temos de tomar agora as decisões industriais para o futuro e então é preciso tomar as ações para conseguir extrair os melhores benefícios e as melhores externalidades positivas da eólica e solar”, conclui.

Pedro Amaral Jorge faz uma breve introdução, explicando que “os custos muitos altos são uma variável chave para gerar energia de forma competitiva”, e que “mesmo nos melhores locais como na Ibéria, 2 mil horas por ano é o objetivo que se está a conseguir com o fotovoltaico”. “Precisamos de tornar estes temas híbridos para que o hidrogénio faça sentido e deve ser uma abordagem de autoconsumo de ligação à rede.”

O Presidente da Direção da APREN indica ainda que, além de ter de se resolver a questão do licenciamento, em Portugal a rede precisa de investimento. Contudo, acredita que até 2035 “vamos estar muito perto de chegar aos 95% de renováveis do setor de energia. A maior preocupação que tenho é que precisamos de ter em mente a necessidade de alinhar a política fiscal com a política energética, e a maneira como criamos financiamento para reduzir o efeito de enviesamento do custo de eletricidade. Isto não é intuitivo, as pessoas não compreendem que os mecanismos de apoio podem ajudar a produzir energia a preço mais barato, precisamos de comunicar de forma mais eficaz.”

Pedro Jorge Amaral e Juan Virgilio Márquez
Pedro Jorge Amaral e Giles Dickson




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