Estado de conservação de habitats e espécies protegidos pela Rede Natura 2000 piorou, alerta ZERO



De acordo com o 4.º Relatório Nacional de Aplicação da Diretiva Habitats, que abrange o período entre 2013 e 2018, o estado de conservação dos habitats e espécies protegidos pela Rede Natura 2000 piorou. Portugal tem no âmbito desta rede 107 áreas designadas pela Diretiva Habitats e 62 Zonas de Proteção Especial (ZPE) destinadas à proteção das aves selvagens.

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável analisou o relatório em questão e concluiu que, os 99 habitats protegidos distribuídos pelas 5 regiões biogeográficas, tiveram “uma ligeira degradação no estado de conservação, ou seja, o conjunto de habitats classificados com estatuto (desfavorável) inadequado e mau é agora de 72% do total face aos 66% verificado no período de 2007-2012”. Houve também uma aumento dos habitats em mau estado de conservação, de 6% para 29%.

“Os habitats dunares são os que apresentam uma tendência mais negativa, em 60% das representações avaliadas, seguindo-se os matos esclerofilos (adaptados a longos períodos de secura e calor) em 40% dos casos, as turfeiras e os pântanos com cerca de 38%, e os habitats florestais com 36%”, explicam.

Relativamente às 217 espécies avaliadas, indica-se uma evolução desfavorável, sendo 42% classificadas com estatuto inadequado e mau. Ainda assim, a associação afirma que “as avaliações favoráveis melhoraram, passando de 20% para 27%.” Os peixes e os moluscos são indicados como os grupos mais ameaçados.

As principais ameaças apontadas pela ZERO, que põem em risco estes habitats e as espécies, são a agricultura, as espécies exóticas invasoras e as mudanças no uso do solo derivadas da crescente urbanização e da indústria.

A Associação considera esta situação um reflexo “não só de décadas de desinvestimento público na melhoria do conhecimento do património natural e na conservação da natureza e da biodiversidade, mas também da manutenção de uma elevada permissividade (e até incentivo) das autoridades públicas à destruição dos valores naturais.”

Pode ver aqui um mapa que indica as zonas abrangidas pela Rede Natura 2000, disponibilizado pela Agência Portuguesa do Ambiente e pelo  Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas:

ICNF, 2017




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